quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Pacto










 

Compactuo comigo mesma.

Coloco um filtro na realidade

onde os sonhos mais urgentes

não querem acordar.

Purifico o que pode penetrar

e me fazer melhor.

Nada é pior que não tentar.

Deixo levezas umedecer o pó,

lugares onde a aridez gerou trincas

e a dor se infiltrou sem dó.

Barro excessos.

O peso torna-se indigesto,

fardo que não quero engolir.

Nada que me impeça de ser,

 crer, viver.

Nada a fragilizar minha realização humana.

Abraço conteúdos substanciais

sem trair minha essência, meus ancestrais.

Dispenso embalagens.

São teias onde posso me enroscar.

À luz do sol aceno.

Arranco o filtro pra ela entrar.

Que se alastre, ocupe os cantos, seja festa.

Faça-me pensar que toda hora é dia

e a cada instante me vejo amanhecendo

por todo tempo que me resta.

 

 

Carmen Lúcia

 

 










 

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