segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Mundo paralelo


 













Crio um novo mundo.

Renovo o que esmoreceu,

restos de vida sem vida,

fragmentos de histórias vencidas,

validades não prescritas.

 Reporto o que aqui não cabe,

deporto o que me faz mal.

Fujo do que deprime,

não me apraz o que suprime

o riso, a essência, a matéria...

 Não carece ser prima...

Basta ser compatível

 ao se encostar em minha pele

e arrepiar tantos sentimentos

abarrotados em mim.

 Que eu possa vesti-la

e me sentir confortável

em meu jeito simples de ser,

ainda que em tempo instável,

 sujeito a mortes, decepções,

 intolerâncias, prisões

 e sonhos caçados.

 

Então perco o chão

na transcendência,

 eloquência

 impaciência

de levar meu imaginário

(sem elo)

a um paralelo

 mundo são.

 

 

Carmen Lúcia


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