quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mestre




Obrigada, mestre,
por me teres mostrado caminhos
e despertado em mim o desejo de prosseguir avante.
Obrigada , mestre,
por me teres apresentado às letras,
faróis luminosos que me instigaram a ir
desbravando escuridão, fazendo-me crescer
e me tornar cidadã do bem.
Obrigada, mestre,
que não mediste esforços
para que eu conseguisse escrever, ler, conhecer
o que está a minha volta, o mais distante,
o insignificante, o importante, o imprescindível.
Obrigada, mestre,
por teres doado parte de ti
para que eu me completasse ser humano
consciente de meus deveres, prescindindo, ás vezes,
de meus direitos em prol de meus semelhantes,
seguindo sempre teu digno exemplo.
Obrigada, mestre,
por me teres tornado mestra
e contribuído, em parte, com o que contribuístes
por inteiro durante todo o tempo em que me foste leme.
Obrigada, mestre!
Ser-te-ei eternamente grata!
Carmen Lúcia

sábado, 11 de outubro de 2014

Ah, poeta!




Ah, poeta, desenhista do lirismo,
observador  das minúcias da alma,
detalhista de tudo que o cerca,
arquiteto de pormenores,
do que avista pelos arredores,
psicanalista que descreve a vida
e revela o além , a sobrevida
e nada ou ninguém o detém.

Quando morre, nunca morre de fato
e num impacto renasce na flor,
ressurge na alegria ou na dor,
rebrilha no brilho da estrela que se apaga,
conduz o frágil timoneiro em sua barca parca,
pincela de cores espaços escuros, amores falidos,
ocupando vazios e intervalos obscuros.

Reacende a esperança que embora morta
recomeça a verdejar por entre estrofes
onde versos são reversos
das decepções e hostilidades,
das injustiças e desigualdades,
humanizados docemente em poesia,
na magia de transformar espinho em fantasia
na busca incansável de amenizar a agonia.

O poeta é imortal.
Da alquimia, a pedra filosofal
conquistada pelo sonho que traduz
o mais recôndito interior de sua alma...
Não, o poeta não morre.
Segue a sua luz.

(Carmen Lúcia)