quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Além da vida




Foi lindo enquanto durou...
mas na verdade, ainda permanece...
Apenas você,involuntariamente, se afastou,
sem querer, sem entender, sem me esquecer.
Não há como apagar um amor assim,
retirar com as raízes o que se aprofundou,
caminhou pelas artérias e o coração bombou
jorrando pelo corpo inteiro sêmen desse amor,
intenso, eterno, verdadeiro...Contaminou.
Não há como sufocar lembranças assim
que de tão vivas passeiam em mim...
Riem, bailam, falam de você...
Relembram a todo instante que não existe fim...
O que nos une exala-se nos ares,
renova os pulmões, preenche os corações ,
entoa as canções que santificam os altares,
vibra e agita os sentidos
que nos fazem perceber
que o que nos encanta vai além da vida
e que a morte é apenas uma fase a percorrer.

_Carmen Lúcia_

25/08/2010


Bem perto...





Te procurei por tanto tempo,
Nas sombras que me seguiam,
Nas manhãs de todos os dias,
Na luz do sol que em meu rosto ardia,
Nas estrelas, que não mais luziam,
Nas fases da lua...cheia e nova,
Em tudo que se renova
E que não volta atrás...
Te procurei ardentemente,
Nas almas vibrantes dos amantes,
Nas paixões alucinantes,
Nas emoções irradiantes,
Nas fantasias sexuais,
Nos espaços transcendentais,
Na lucidez e na demência,
Na penumbra e transparência...
E te descobri tão perto,
Perto de mim, demais...
Trago-te dentro do peito,
És essência, és fundamental,
És a supremacia de um parto,
És a poesia que faço.

_Carmen Lúcia_
Carmen Lúcia Carvalho de Souza
11/02/2008


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Promessas...promessas...


(imagem copiada do Google)



Promessa é o pão nosso de cada dia,
abastece a mesa, a fome ludibria...
Tira da extrema pobreza, entorpece de utopia
um povo que acredita e vive da crença crida.
Rende-se ao poder de decisão...Nunca diz não!
Conforma-se com o inconformismo da situação...
Se uma migalha conforta a alma em extorsão
por que se rebelar e condenar o vilão?
Nas ruas, as drogas vagueiam livres
aprisionando a quem lhes estende a mão;
instantes anestésicos, de extrema letargia,
levando a uma viagem eufórica, surreal...letal.
Aferram-lhe grades, criam-lhe prisões, casas de detenção,
ignoram que o alicerce é o amor, a educação,
e o que fortalece a ser bom cidadão
é o lar estruturado, a dignidade, o sentir-se amado.
Porém a ambição fala mais alto
e cada vez mais se julga preconizada...
Paga tributo, o povo, quantia exacerbada,
e se reconhece na teia dessa arquitetura tramada
onde a ausência de humanidade cala a voz da verdade.
_Carmen Lúcia_


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Babilônia





Difícil conviver imune de pecados
ou conviver, simplesmente,
em meio a essa Babilônia que se espelha
e se prostra a minha frente
tentando dominar corpo e mente,
impondo um sol brilhante, ilusório,
que cega e se apaga de repente
priorizando decretos humanos
acima dos humanamente divinos...
Desfilando por tortuosos caminhos
uma verdade anacrônica, desgastada,
deteriorando-se passo a passo
num confronto irreversível com meu tempo,
com o que penso, com o que faço...
Vestes escarlates e púrpuras bailam
convidando para uma dança sensual
onde a razão e o bom senso
se desequilibram nesse ritual
e se afastam dos princípios certos da moral.
Impossível beber do cálice sagrado
e conciliá-lo ao pecado mortal.
Procuro outros jardins que não sejam os da Babilônia,
onde as sementes plantadas gerem frutos do bem,
onde a vida transcorra simples como os rios,
embora chorem o que o homem deflora
maculando suas águas límpidas que cristianizam
navegadas pelo amor, luz e serenidade
numa trajetória imaculada.
_Carmen Lúcia_
Carmen Lúcia Carvalho de Souza
19/01/2011

domingo, 20 de janeiro de 2013

É carnaval



É Carnaval!
Demos espaço para a alegria.
Quem sabe toda essa utopia
caiba no coração de cada um
e se torne verdadeira,
ainda que até terça-feira.
A realidade do momento
fomenta o desejo de contracenar,
liberar o seu grito entalado,
e contagiar.
Que se cale toda a tristeza,
abram alas pra tanta beleza
onde os sonhos desfilam anseios
de um ano inteiro...
e o riso sofrido convence toda a multidão
que aplaude tal felicidade com empolgação,
onde o rito da autenticidade é encenação
e as cinzas da quarta encerram a grande ilusão.

_Carmen Lúcia_


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Em algum lugar...do futuro




Conheci-te numa outra vida,
numa alameda florida
margeada de sonhos
onde a suavidade das cores
encobria nosso abandono
e de música erudita
coroava-se nosso encontro.

Conheci-te em tempo futuro.
Nosso amor não é marcado
de presente, nem passado...
É bem mais avançado...
Onde o falar é dispensado
e a sonoridade é captada no olhar
que traduz o que é amar...
No pulsar de corações...
Carradas de emoções...

Conheci-te numa longínqua estrela
de uma outra era.
Outra galáxia
coberta de cósmica poeira...
Brilho intenso nos envolvera...
Nos unira... Almas paralelas...
Desígnio que a nós coubera
Nessa doce entrega numa outra esfera.



(Carmen Lúcia)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

De poema em poema


De poema em poema vou rasgando o meu véu
feito stripper figurada, desnudando-me ao léu ...
Desvestindo a couraça enroscada em minha pele,
agarrando-me à coragem que a esse ato impele.

De poema em poema vou gritando os meus ais...
Revelando o meu eu sem pinturas tão banais;
sem disfarces, camuflagens, mas aquela que eu sou,
que chorou por tantas vezes e o pranto sufocou.

De poema em poema quero ser, amar, sentir...
Envolver-me com a vida, ser eu mesma, não fingir;
encarar qualquer problema, resgatar a autenticidade
que ficou por trás dos tempos, quando eu era verdade.

De poema em poema, eu deslizo pelos versos
e bendigo ou maldigo os reversos e inversos...
Sou essência, transparência,
corpo e alma em comunhão;
sou carência, sou querência
e sou pura emoção!



(Carmen Lúcia)





quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Dos sonhos à realidade









Dos sonhos que sonhei
Alguns concretizei...
Não foram muitos,
Mas sim profundos,
Busquei-os além do mundo.


Das alegrias que previ
Poucas eu vivi...
E foram tão intensas...
Inexplicável o que senti,
Momentos que nunca esqueci.


Dos caminhos que tracei
Poucos eu percorri...
Em muitos tropecei,
Caí, me levantei,
E foi aí que aprendi.


Dos amigos que encontrei
Poucos eu ganhei,
Muitos vi partir...
Faltou reciprocidade,
Incompatível verdade,
Os que ficaram, zelei.


Dos amores que esperei
Muitos nem chegaram...
Alguns se dispersaram,
Poucos se aconchegaram,
Todos eu amei.


Das lágrimas que não planejei
Muitas eu verti...
Dores que não imaginei,
Todas eu senti...
Destino que não tracei, mas vivi.


São as ciladas da vida
Que nos deixam sem saída,
Que nos fazem sofrer...
Mas também crescer!



(Carmen Lúcia)