domingo, 23 de abril de 2017

A poesia espera


























A poesia espera
a flor nascer  no jardim,
o beija- flor voltear
a rosa vestindo carmim,
num beijo doce selar
o amor que não tem fim.

A poesia espera
o beijo frio da estrela,
o último pôr do sol,
a próxima lua cheia,
o  eclipse total,
a aurora boreal,
e toda a beleza celeste…

A poesia espera
a distância encurtar,
o encontro acontecer,
a aproximação vincular
almas que se buscam,
se amam, se ofuscam,
andarilhas na multidão
sem ter onde ancorar.

A poesia espera
o momento lento,
 o silêncio bento
de palavras caladas
e incalculáveis significados,
instantes eternizados,
sentimentos tantos,santos,
raridades, verdades…

A poesia espera
o rio transbordar, enfim,
e alagar toda tristeza
curando desastrosa crueza
a afluir num mar sem fim…

A poesia espera
o arrojo do arrependimento,
a delicadeza do perdão,
 o ápice do arrebatamento
enquanto o poeta dá vazão
a um turbilhão de sentimentos.


Carmen Lúcia


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Contra versões




















Em qual versão me perdi? 
Foram tantas que vivi,
 expostas e inconvincentes.
Talvez em todas ou nenhuma.
Ou quem sabe
na tradução que imaginara
ser tal qual o meu perfil.
Porém ele se modificara
de acordo com os traslados dos dias
a interferirem  na alma
seguindo a revolução decorrente dos fatos
que lacram, decepam, descartam…
buscando entre boatos e mentiras
uma verdade sincera
a qual me propusera
julgando ser o caminho ideal.
Quimeras…
Foram tantas as versões…
Verdades se multiplicaram,
confundiram minhas (re)ações.
Insensatez…
Volto ao ponto inicial
e recomeço outra vez.


Carmen Lúcia