quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mal necessário




                                     

Calei meus lamentos sonoros
que clamavam por você.
Tapei todos os meus poros
que exalavam você.
Joguei fora os adereços
que me lembravam você.
Até mudei de endereço
pra me perder de você.
Transformei meu visual
feito pra encantar você.
Troquei meu caminho habitual
pra não encontrar você.
Quebrei os cds de Caetano
que me cantavam você.
Driblei todos os desenganos
causados por você.
Refiz meus projetos e planos
que excluíram você.
Aos poucos retirei de mim
pedaços de você.
Não mais me encontrei...
Em meu lugar, estava você...

_Carmen Lúcia_

Por esse mundo redondo


Por esse mundo redondo
(imagem copiada do Google)


Por esse mundo redondo
sob o orvalho das manhãs
e o esplendor do sol se pondo,
em ostracismo me escondo
vendo a noite acordar estrelas...
Ando e chego ao mesmo ponto
de onde parti atrás de encantos.


Por essa roda viva,
revivo...mas nada me agiganta.
Voo leve... e cada vez mais,
ainda que voando sobre fractais,
o tempo se abre e fecha
enquanto se quebram os cristais,
crivando em meu peito uma flecha.


Por esse mundo que gira
minha cabeça pra baixo pira
esperando do amor, os pedaços,
guiados pela força da gravidade
que atraiam o amor inteiro
em prol da humanidade.


Por esse moinho rodando
jogo-me entre suas duas mós
remoendo o que prende minha voz,
pra que meu eu se transforme em nós,
múltiplos andarilhos errantes
afugentando o fantasma algoz
em busca do que satisfaz,
do que não se desfaz,
do que mais apraz.
Da paz.


_Carmen Lúcia_

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Naquela estação


Naquela estação
(imagem copiada do Google)


Ficaste naquela estação...
Pra onde foste? Não sei.
Sob o impacto de súbita parada
de ti me desvencilhei,
e o trem que sonhos trilhava,
pra ti, num papel em branco,
traçava a última jornada.

Até então seguimos juntos,
felizes na mesma viagem,
permutando planos, sonhando etapas,
sorrisos que tramitavam
um futuro próspero e acolhedor,
sem contarmos com a difícil chegada
onde a dor, sem dó, se acomodava.

E ali tu desceste
suavemente, sem adeus,
feito pétala arrancada
docemente adormeceu...
O trem seguiu seu trajeto
roubando-me todo o afeto
sem perceber minha emoção,
desafiando meu pranto
a inundar meu coração.

Quem sabe ainda te encontre
ao descer em qualquer estação
e tua luz me defronte
ao me dar a tua mão.


_Carmen Lúcia_

domingo, 24 de julho de 2011

Trégua



Demos uma trégua!
Que cessem os tambores de guerra,
ouçamos os doces acordes de melodias
entre gritos de dor e almas vazias...

Salvemos os sonhos das noites de orgia...
que voltem a pulsar sãos de monotonia.
Brindemos, da vida, as doces lembranças,
as que se revelam num sorriso franco,
ou no olhar intrigante ao velho realejo
que brinca com a sorte de modo fagueiro.

Cacemos palavras inversas em versos
dos quebra-cabeças da vã filosofia...
Mudemos os fatos...
Façamos um pacto com a poesia.

Alcemos nova bandeira num resgate às suas cores
por ora mesclada de branco do lírio e sangue vermelho
a tremular incrédula entre falsos amores e velhos rancores.

Façamos apologia ao novo dia,
vibremos de esperança no amanhã...
Calemos nossas dores, sejamos matizes
a colorir de amor novos tempos felizes.
                
      _ Carmen Lúcia_

sábado, 23 de julho de 2011

Co-autora


Quando eras rei, te aclamava...
Eu... tua platéia, rainha ou escrava,
entre risos e gritos da meninada ouriçada,
aplaudia tuas bravatas...Contigo sonhava.

Juntos crescemos, adolescência atribulada,
eu, apaixonada, sem nunca ser notada.
De tuas paixões, a coadjuvante,
de teus enredos, figurante.
Como cineasta sempre davas as cartas.
Emaranhei-me nas teias de tuas desilusões,
choravas as minhas lágrimas derramadas...
Em teus filmes, fui figuração
enquanto a protagonista roubava teu coração.

Lado a lado, vivendo tua história,
lamentando teus erros, vibrando tuas vitórias,
fui sombra que protege de sóis que escurecem
ofuscando a visão aos valores que enobrecem.

Mas, nas vezes que te senti morrer
(e que de vez iria te perder)
tomei-te as cartas...Eu mesma as dei!
E sob a minha direção
transformei realidade em ficção.
Mudei a trama, fui produtora,
juntei-me a ti, protagonista e co-autora.

(Carmen Lúcia)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O último passo


A música termina.
Os últimos acordes pairam no ar...
É tempo de parar...
Num esforço sobrenatural,
O salto da bailarina...
Quase um mortal!
Um desfecho sem igual
Que guardará para sempre...
Docemente, soberbamente...

O último rodopio
Levitante, trepidante...
Na espinha, um frio...
Na alma, calafrio...
E um vazio que ficou...
Lágrimas contidas...
Pra que chorar?
Desmoronar agora?
Não!Não era hora!
Enfim, seu momento de glória,
Epílogo de uma história...

Ainda no ar
Combina a arte com a despedida...
O último passo a abalar a vida
A última nota em sintonia
Com seu gesto perfeito...
Simultaneidade, saudade...
Com majestade estrema
Coreografia suprema...

Retorna ao solo suavemente,
Feito uma garça,
Cheia de graça...Brandamente!
Solenemente se curva...
Em saudação, a reverência
À ovação e a si mesma,
À arte no palco despejada
E acabada...
Engole a dor, dissimulada.


_Carmen Lúcia_

ETÉREO

ETÉREO
Dança...
Faz de tua arte simbologia do amor,
Toca o chão, o ar , a emoção... acaricia a dor,
Tange o invisível, o inaudível, o irreprimível,
Languidamente , candidamente, sensivelmente,
Derrama no palco da ilusão a tua fantasia
Que de tão real se transforme em verbo,
E em forma corpórea, materialize-se,
Realizando sonhos, antes mera utopia.


Dança...
Trepida corações impacientes
Esvoaça por entre corpos irreverentes
Suaviza com doçura os momentos...
Torna-os perenes, registra-os na alma
De quem permite por eles se enlevar
E com eles também dançar, flutuar, sonhar...


Dança...
Recria gestos com toda maestria,
Desbrava o mundo a que já pertencia...
Sacode-o, encara-o, envolve-o de tua magia,
Levita, transcende, ascende, rodopia,
Relata tua vida ao som de melodia,
Performances que geras, bailando poesias,
Desenhando versos, arabesques e rimas,
Nos passos compassados da tênue bailarina.


                       
                        _Carmen Lúcia_

Tangível

Tangível

Tangencias nos teus, meus lábios carmim,
Sentindo teu fogo ardendo em mim.
Apertas meu dorso no passo marcado,
Desnuda-me a pele, o vestido ousado.


Teu corpo no meu, a cúmplice entrega.
Tua mão, minhas costas, por elas trafega
As pernas transitam no grande salão,
O tango regendo a nossa paixão.


Sentimentos excedem, reduzem o espaço,
Debalde consegue conter nossos passos,
Cruzadas tangíveis, entremeios de ardor
Invadindo lugares de perfume e calor...


Performances sensuais e revelações
Tons avermelhados tangando emoções...
Tua alma na minha, na dança que incita
Bandoneons que choram “La cumparsita”. 


           
          

                 Carmen Lúcia & Cailiny Cunha

Dos passos da bailarina...

Dos passos da bailarina...

A musicalidade da alma a leva a dançar...
A expressão do corpo pede pra se anunciar.
São as diversas emoções a conduzir seus passos
por espaços que tendem desbravar,
despejar sentimentos numa coreografia teatral
em que o enredo guarda em segredo...
É surreal...


Grande agilidade corpórea a faz levitar
carregando consigo toda leveza e arte para o ar...
Em l’air (no ar) sente o mundo rodar, vê a vida passar
em sintonia com a música que não se acaba
enquanto seu sonho de bailarina durar...
Ou amordaçarem sua visão de encantamento
arrebatando-a de sua realidade de bailar...


Sobre as pontas dos pés desliza o solo,
elas sustentam seu corpo, sua empolgação
numa conquista romântica de elevação,
de busca pelo etéreo...
Forte emoção a domina e ela se controla...
Finge que não chora...
 

Através de delicados gestos
suas mãos declamam versos.

De repente, rápidas piruetas invadem o salão
e a bailarina se transforma numa multidão...
 

Braços e cabeça ajudam o impulso final...
Um salto magistral e cai suavemente
sobre um vendaval de emoções
espalhado bravamente pelo chão...


_Carmen Lúcia_

terça-feira, 19 de julho de 2011

"A morte do cisne"

"A morte do cisne"
Últimos passos da última valsa...
 Pas des deux, pas des bureaux...
Últimas piruetas, rodopios, calafrios,
Arabesque, developpés, coupés...
Chopin, Strauss...Noturno?Soturno!
Que se tisne o Lago dos Cisnes...
Leve-os a morte...cumpra-se a sorte!

Da doce bailarina, resta a rima...

Da ternura, pureza, purpurina,
Encantos que realçavam a magia,
Dos passos e repassos, luz que reluzia...
Nada restou...somente a noite fria...
E cara a cara com a vida,
Perderam-se encantos, queimaram-se fantasias.

Nos olhos agora, ar de ironia...

Não mais vê a vida como outrora via...
Mas,o talento ainda aflora e vigora,
E na “salida”molda a pista qual felina
Em direção ao par que o seu corpo alisa,
Revela as fendas laterais e sensuais,
De um vestido preto, colado, passional.

Ouve Gardel, ousa um “gancho”num bordel...
Num atrevido “ocho”,usa e abusa da atração...
Andar de gato, elegância e aparato,
A flor vermelha nos cabelos, um desagravo,
Seus lábios sorvem o gosto amargo da paixão...
“Y aquella noche lejana”.. triste recordação!
Tango e solidão...nada que cause emoção.

          _Carmen Lúcia_

 

Bailarina

Bailarina
Palco iluminado
Multidão calada
Grande expectativa
Pulsar de corações
Rostos sem faces
Vultos que se avolumam
Em cada espaço da platéia incógnita.

Cortinas sobem...sorrisos se abrem...
Olhares se fixam,  penetram, inquerem...

Ei-la que surge sob etéreo foco de luz,
Figura minúscula,suave, frágil...
A reverência...aplausos febris.

A música ecoa... sétima de Chopin...
Os primeiros passos,trêmulos, leves, tímidos,
O rodopiar lento,compassado,
veloz,descompassado...
Um salto inusitado,
Um vôo inigualável,
Perfeito desafio à lei da gravidade...

A fragilidade que se quebra,
O minúsculo ser que se agiganta,
A suavidade que se supera
Nessa dança que expressa
A alma, o amor,a dor,a vida...

Lágrimas brotam...Quem as vê?
Sorriso triste...Quem o percebe?
Coração que sangra...Quem há de?
Alma aflita...voa bailarina,voa...

Num gesto sôfrego cai,coreografia extrema
Levando ao chão a tristeza, a dor,a emoção,
As lembranças daquele dia...

Luzes se confundem,vozes se ampliam...
Corpos se aproximam,a música termina.
Bravo! Bravo! Bravo !

Portas se fecham, descem-se as cortinas,
Encerra-se o espetáculo,
adeus à bailarina.


_Carmen Lúcia_
Não poderia deixar de postar aqui minhas poesias sobre a dança, registrada em minha infância e adolescência.Parte essencial de minha história. Ao dançar, descrevia versos através de gestos, expressão corporal, coreografia, ouvindo a musicalidade de meu interior.

Minha primeira poesia foi essa:


Dança,bailarina,dança...

Dança,bailarina,dança...
Dança,bailarina,dança...
Põe nos teus passos toda a harmonia
E toda a poesia nas pontas de teus pés,
Em gestos nobres, faze surgir a fé!

Gira,bailarina,gira...
Vai girando e semeando amor,
Mais depressa que as voltas do mundo,
Pra que haja tempo de matar a dor!

Baila,bailarina,baila...
Traze contigo a primavera
Pra florir os campos,florescendo a Terra,
Numa explosão de cores que tua dança encerra.

Faze de tua arte uma suave prece
Capaz de enternecer os corações de pedra
Faze tua música soar tão alto
Calando assim os estopins da guerra.

Mostra ao Homem que o teu bailado
Expressa a vida nesse simples ato...
Onde o amor é tudo,onde o amor é nato.

Que em teus saltos ponhas tua garra
Seguindo sempre a luz de teu clarão,
Quebrando muros para unir os povos
Num universo único onde se dêem as mãos.

Abre tua alma no esplendor da dança...
Não desistas nunca e verás,enfim,
Bailar no campo,doce e cálida esperança,
Em meio às flores de um lindo jardim...

     _Carmen Lúcia_

Da euforia à solidão (poema antidroga)

Da euforia à solidão (poema antidroga)

Da euforia à solidão (poema antidroga) (imagem copiada do Google)


As cores se embromam num só raio de luz,
o sol se reparte e brilha por toda parte,
o belo se intensifica ante a euforia que reluz
e ecoa nas mais diversas línguas, a liberdade.


O trágico não participa do momento
nem garante que não virá...
Espera abrandar o tal evento
e em oposição ao tempo toma seu lugar.


Ledo engano...
Sentimentos insanos querendo voar,
entorpecidos por dependências letais,
escravizando cada vez mais.


Liberdade fugaz...
Preço alto de uma suposta libertação
que por uns instantes satisfaz
e depois passa a ser tarde demais.


Vem a solidão...
A ausência de si mesmo...
Da sociedade, a rejeição.
Do mundo, a exclusão.


Valores intrínsecos tornam-se banais
a desintegrar a própria personalidade,
mentiras se fantasiam de verdades,
viver, morrer, opções casuais.


A cura é a vontade própria e segura
de libertar-se por caminhos diferentes,
aprender a remover o que não era mais ele,
renovar-se no belo, em elevação,
na plenitude da visão interior iluminada,
no resgate da verdadeira libertação.



_Carmen Lúcia_

sábado, 16 de julho de 2011

Indecisão

Indecisão...
...Contudo, faltou-me a decisão...
Uma só palavra me absolveria,
bastaria um sim sem grande alarde,
estava ali em minhas mãos,
mas o dilema me tornou covarde...
Nem sim, nem não...
Calei meu coração.

E essa indecisão agora me consome,
faz-me seguir com passos indolentes
por calçadas infindas e disformes,
caminhos íngremes, incoerentes
com a esperança de que um dia retornes...

Por companhia... a solidão,
sempre presente
quando a ausência se nos apresenta
impondo sua presença,
invasão tamanha,
retrato da fragilidade da condição humana.

...Contudo, faltou-me tudo...
Modificar o enredo,
falar sim sem sentir medo,
reviver nossa trajetória
onde marcas de amor marcam nossa história...
Traçar na folha em branco
o que sempre quis....
Ficar ao teu lado e te fazer feliz.



Carmen Lúcia

Hoje me faltou inspiração

     

Hoje me faltou inspiração...
Saí para observar o dia,
olhar o céu
às vezes azul silvestre
e outras, cinza agreste...
onde um sol que desconheço
aparece pelo avesso,
ilumina em tom grotesco,
em desarmonia com o universo
como um grito de protesto,
contra a humanidade que o vestiu assim.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar as flores
que antes exultavam cores,
belezas a incitar poetas
a versejar sobre amores.
Hoje choram a natureza ultrajada,
enxertada de artificialidade,
onde a falsidade se faz prevalecer
e a verdade já não tem razão de ser.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar a noite
e a lua de luto, escondida
em negro véu, no céu chora a despedida
das noites claras onde seu luar
prateava serenatas que já não há mais
e estrelas sonhadoras vinham suspirar
o suspiro dos amantes...
Hoje já não são mais tão brilhantes.
Muitas já não se encontram lá.

Hoje me faltou inspiração...
Saí pra observar o mundo
que corre o risco de inexistir,
globalizado pela hipocrisia,
obcecado pelo ter...pelo não ser...
Onde a maquiagem camufla o caráter,
onde se banaliza a célula mater .
Hoje me faltou inspiração...
Só versos sem rumo, sem rima, sem noção,
que morrem antes de se tornarem poesia,
por falta de fantasia, por falta de coração.

_Carmen Lúcia_


                                                           



A espera


Conto os dias
imaginando a hora
de te ver voltar...
Abro portas e janelas,
retiro as tramelas
pra que possas entrar.

Enquanto não vens
compactuo com o sol
pra aquecer teu lugar...
Irradiar o vazio,
o frio sombrio
que deixaste ficar.

Enfeito a vida
na doce esperança
de te reencontrar...
Caminho entre flores,
matizes e cores
pra te abraçar.

Modifico o epílogo,
do romance vivido
no etéreo de nós...
Grito tua volta
que me traz a revolta
de minha própria voz.

Os dias passam,
as flores murcham,
a esperança se esvai...
A lua desenxabida
recolhe a magia
e no céu se retrai.
Sem cumplicidade
não me persuade,
retira o luar...
Sem prata, sem festa,
não se manifesta
e a dor invade
restando a saudade.

_Carmen Lúcia_

terça-feira, 12 de julho de 2011

O que fui...O que sou...

Já fui sombra...
Em noites enluaradas,
vagando escura na estrada.
Fantasma mal assombrado,
de medo, alimentada...

Nuvem escura,
que veda o sol e augura...
Presságio de vendaval
a desabar em minha cabeça.
Juiz de minha sentença,
sentei-me no banco dos réus...
Condenada, culpada, infiel.

Fui atalho,
bifurcação dos caminhos,
empecilho predestinado
a embaralhar os destinos.
Desarrimo, desatino, descaminho.
Pedra fincada na planta do pé,
riscando pegadas,
sangrando jornadas.

Fui cobertura de sapê.
Aguapé ... em tempo de estio.
Desvio de um rio
que nunca chega ao mar.
Anjo de asa quebrada
sonhando poder voar...

Agora sou
o que a vida traçou.
Apenas alguém...
Ou simplesmente...
...ninguém...


(Carmen Lúcia)


domingo, 10 de julho de 2011

Quem é você?



Quem é você?
Que está sempre ao meu lado,
que não vejo, mas sinto colado
em meu caminho, em meu destino
fazendo-me perder o rumo
e acreditar em sonhos alados?

Quem é você?

Que me segura as mãos
e me leva à imensidão
de todo o azul de céu e mar
a me mostrar riquezas
fazendo-me divagar e, devagar,
aproxima-se a sussurrar
aos meus ouvidos em arrepios,
as belezas de todo lugar...

Quem é você?

Que me faz companhia
em dias tristes e de alegria,
faz-me rir e chorar,
de emoção, de paixão,
da canção que traz a cantar,
do amor que nasceu do calor
de seus versos a contagiar?

Quem é você?

Um deus? Um mito?
É real? Metafísico?
Eu não sei...
Eu só sei
que não quero saber,
por enquanto...
Porque temo
quebrar-se o encanto.


_Carmen Lúcia_
18/12/2007

sábado, 2 de julho de 2011

Sem palavras

 

Sem palavras
(imagem do Google)


Nos olhos, perfeita dissimulação,
olhar sem direção pra não me entregar,
sem ter que encarar, fraquejar e implorar,
mantendo-me firme na proposta da  encenação.
 
Nos lábios um sorriso camuflado
amargando uma lágrima indiscreta
a arder o âmago, a salgar o cerne
de onde pulsa desenfreada dor...
 
A dor que permeia meu espaço
e passo a passo toma posse de meu ser.
Na garganta um nó fortemente atado
a sufocar palavras que não quero dizer,
sonoridade embargada pelo silêncio
que sempre calado há de permanecer.
 
Não revelo a fragilidade do sonho acabado
sem nunca sequer ter começado.
Quero que vás sem nunca saber
o que teu coração não conseguiu entender.
 
 
 _Carmen Lúcia_

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Céu, sol e mar...

Céu, sol e mar...
(imagem copiada do Google)


O sol a iluminar o oceano
faz meu espírito dourar
quebrando o escuro desengano
com sua luz em meu rosto,
trocando a vida pelo brilho fosco,
reacendendo a chama que de repente
tende a tremular e se apagar.


No topo da mansidão celestial
abre-se em leque, intensa luz,
inimaginável cerimonial,
a reverenciar o astro rei
refletindo a paz que desacreditei,
aquecendo meus frios passos nas águas
flutuantes de um mar que nunca naveguei.


Ondas profundas dissipando brumas,
a embeber de brancas espumas,
penetrantes e insólitas, a pele esfacelada
de dias sombrios pela ausência do sol,
quebrando na areia o cheiro de sal,
retrocedendo ondulantes em direção horizontal
onde se confundem céu, sol e mar.


Ponto de encontro de aves marinhas
que ao cair da tarde juntas se aninham
sem nunca manchar o azul
nem macular o branco,
mostrando a alegria de um mundo brando
deixando no ar vestígios da paz
num voar tão leve que no céu descreve
tanta simplicidade a me tocar o coração.



           _Carmen Lúcia_