terça-feira, 19 de julho de 2011

Bailarina

Bailarina
Palco iluminado
Multidão calada
Grande expectativa
Pulsar de corações
Rostos sem faces
Vultos que se avolumam
Em cada espaço da platéia incógnita.

Cortinas sobem...sorrisos se abrem...
Olhares se fixam,  penetram, inquerem...

Ei-la que surge sob etéreo foco de luz,
Figura minúscula,suave, frágil...
A reverência...aplausos febris.

A música ecoa... sétima de Chopin...
Os primeiros passos,trêmulos, leves, tímidos,
O rodopiar lento,compassado,
veloz,descompassado...
Um salto inusitado,
Um vôo inigualável,
Perfeito desafio à lei da gravidade...

A fragilidade que se quebra,
O minúsculo ser que se agiganta,
A suavidade que se supera
Nessa dança que expressa
A alma, o amor,a dor,a vida...

Lágrimas brotam...Quem as vê?
Sorriso triste...Quem o percebe?
Coração que sangra...Quem há de?
Alma aflita...voa bailarina,voa...

Num gesto sôfrego cai,coreografia extrema
Levando ao chão a tristeza, a dor,a emoção,
As lembranças daquele dia...

Luzes se confundem,vozes se ampliam...
Corpos se aproximam,a música termina.
Bravo! Bravo! Bravo !

Portas se fecham, descem-se as cortinas,
Encerra-se o espetáculo,
adeus à bailarina.


_Carmen Lúcia_

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