quarta-feira, 23 de março de 2016

Minha prima Vera






























Transformo-te em saudade
e durante a tarde
lembro-te junto ao sol
poendo-se no horizonte
lembrança vagando ao léu
em tons que  a vida te deu
 buquê levitando ao céu
em cores multicoloridas
colhidas de cada arrebol.

Transformo-te em poesia
sem métrica, ritmo ou rima,
livre como foste e serás…
Devolvo-te a vida
e toda a magia  contida
em tua doce alegria
sorrindo pelos jardins
de onde te vejo bailar
pela  janela entreaberta
do quarto em mim guardado
em meio a flores e colibris.

Floresces entre canteiros
impregnando  teu cheiro
num tempo que não passará.
És dama da noite de lua,
és verso atravessando ruas,
és chegada, nunca partida…
Jamais serás despedida.

(Carmen Lúcia)


segunda-feira, 14 de março de 2016





Estou só.
Estar só não é se sentir só.
É compartilhar sua própria companhia
num encontro não marcado,
imprevisível, interiorizado,
sem a máscara de todo dia,
com a presença inevitável da verdade
a mostrar-se pura, a ponderar os fatos
trazendo o chão para os seus passos.
É voltar a se conhecer
já que andara tão desgarrada
de tudo, de todos, de si…
Momento de pôr os pingos nos is,
reconhecer-se, deixar partir
o que pesa, o que deixou de existir…
Estar só não é solidão…
É instante sagrado a abastecer a alma,
reflexão que nos devolve a nós
trazendo o equilíbrio e a calma
num grito que ecoa sem voz.


Carmen Lúcia