domingo, 25 de fevereiro de 2018

Subentendido





















Não explico a ausência.
Deixo rastros de resiliência
em sonoro silêncio
a ecoar de mim…
Minha tristeza eu disfarço
e grito em versos ritmados
a cada linha que traço.
Não proclamo o amor.
Está explícito no que faço
e se não faço, não há.
Não aponto caminhos.
A cada um cabe o seu.
Toda escolha, um dia,
leva ao mesmo encontro.
 Não exacerbo o certo
nem restrinjo o errado.
As duas medidas pesam
diferentes balanças
e a cada uma o seu conceito;
vale deixar subentendido
o que ainda pode ser feito.
Não dito regras nem as formulo.
Cada coração rege seu rumo
e à razão é dada o veredicto final.
Consequência é resultado de toda ação.
“Só sei que nada sei” e o não saber
subentende-se “vai lá”…
“Explora o que não há.”
Não apregoo a alegria,
nem descrevo o meu pranto.
Dissimulo a beleza.
 da poesia dos cantos.
Minh’alma procura  mostrar.
Ou
subentende-se em meu olhar.


Carmen Lúcia



quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Teu silêncio


























Olho-te bem devagar…
Há sempre uma verdade
 a ser descoberta
uma porta fechada
uma janela entreaberta
uma luz apagada
um brilho varando pela fresta.
É preciso desvendar detalhes
tocar teus limites
trocar nossos olhares
concedermo-nos nos ver
e até onde me permites
conhecer o que  omites
o que não deixas transparecer.
Tatear o que me escondes
desabotoar tuas pausas
compreender tuas causas
aceitar-te como és.

E no silêncio da resposta
que me percorre e corrói
mergulhar em tua fala
gritante, berrante, calada,
-que dói-



Carmen Lúcia

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Madrugada

Sou mais a madrugada arredia
que não é noite nem é dia.
É orvalho e alvorada
oração intercalada
no silêncio que prenuncia
o novo que virá.

Sou a madrugada interposta
mediando o morrer da lua
e o nascer do sol
a deixar no ar um ar de “o que será?”
 O abandono onde todos vestem sonhos
na espera do novo que virá.

Sou a madrugada sem atalhos
onde livres brincam os pensamentos
 e a magia tece em colcha de retalhos
palavras colhidas do momento
em que versos se trombam,
emoções se encontram,
ritual da paz…
É manhã que chega.
 Madrugada que jaz.


Carmen Lúcia