segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O grito





Lancei o grito...
Estridente, sibilante, penetrante...
Assim, à queima-roupa...
Que cala a boca...
Causando estardalhaço,
Saído do profundo...
Vulcão em erupção...
Lançando labaredas
E agitando o mundo
Como um terremoto,
Cuja trepidação
Cessa a respiração...
Leva à perplexão.
Lancei o grito...
Há muito tempo contido,
Escondido, reprimido,
Represado na garganta
Que inflava minha alma
Sufocada num gemido...
Lancei o grito de vida
Que replica, que revida,
Que dá vida...
Mostra a alma...
Grito de liberdade,
Que invade...
Do livre-arbítrio,
Da minha vontade
Da minha verdade!
    
_Carmen Lúcia_

Ainda que...




À minha frente a estrada
aberta pra minha jornada
que meio cansada anda mais devagar
tendo que ir a qualquer preço,
de qualquer jeito continuar.
Às minhas costas restos de passado
pedem que volte, falam de saudade,
amores de verdade, risos recatados,
segredos revelados, becos vazios, sozinhos,
águas que já não movem moinhos.
À minha frente a surpresa do inesperado,
a esperança de um talvez,
de um sim ou um não, à contramão,
bem ou mal pronunciados,
a busca do mais uma vez,
dos sonhos guardados em porta-retratos.
Atrás de mim as lembranças
enroscadas na velha raiz
onde sempre volto para ouvir o que diz…
Ela sabe o que quero, o que espero,
ainda que o tempo esteja por um triz,
mesmo que a esperança velada
tremule ao meu lado, disfarçada…
Mesmo que a porta bata em meu nariz.


_Carmen Lúcia_