segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Entretons e entretantos

 Entretons e entretantos


desenho o trajeto

parte da estrada que me cabe

transpasso a cerca simbólica

derrubo veto

voto aberto

e a liberdade me acerca


piso  relva macia

entretons me acariciam

gradação do verde-musgo e limão


impacta-me o clarão da luz em meu rosto

o branco que traz

-a paz-


ouço melodia de mim

composta de sangria e pranto

(ela diz tanto!)

em variados tons

marcados pelos entretantos


brinco co'a diversidade

de cores, peles, raças, credos, amores...

ela me dá pé

e alcanço o que der e vier

se quiser...


preciso me dar passagem

antes que retalhos da noite escura

exponham seu breu

escondam a lua

ou meu tempo se atrase

numa estação qualquer...


ainda há cores e trechos sem pintar

estradas que encaminham sonhos

tonalidades em vermelho, amarelo, laranja

trazendo o sol pra dentro

onde me adentro


desafiando a coragem

exigida pela vida

os talvezes e entretantos

imprescindível bagagem


Carmen Lúcia


13/10/2021

sábado, 9 de janeiro de 2021

Tudo passará














O ontem foi triste.
Lembranças, devaneios,
andanças...
lugares que já não há.
Datas cravadas, punhais,
sonhos desfeitos, ais.
Não se apagam,
cravaram demais.
Jogo ao tempo, ao relento
carregar o que foi ruim
o que marcou em mim...
trazer boas novas
de um recomeçar
não tão triste assim.
Ainda sonho, às vezes...
Nada é como antes.
Atenuantes que não viram fatos.
(Semi)-empolgações de desacatos
que temperavam o que vinha a ser
de fato, consumado, sacramentado.
O sol ainda brilha.
Brilho tosco, fosco, titubeante,
cúmplice de meus versos irrelevantes
a entristecer, sem querer,
quem os lê,
a espera, talvez de uma mudança
ou de frases de efeito
a se contrapor
com o cenário imposto
sem ter sido eleito.
Por enquanto fica como está.
Não há como forçar o sentimento
e transformar o lamento
num cântico de alegria e paz.
Mas sei...
Tudo passará.
Carmen Lúcia