sábado, 30 de junho de 2012


Eternas lembranças em tempos modernos

Eternas lembranças em tempos modernos
 (Imagem copiada do Google)

Dou vazão às lembranças e volto à linha do tempo
Antes que ela se arrebente e eu me perca da infância
Onde jaz adormecido o meu mundo paralelo
Que me girava de encantos descortinando o belo...
 
Carrinho de rolimã rolando ladeira abaixo
Um cheirinho de maçã, frescor da brisa a passar
Gostinho de liberdade, ingenuidade a brincar.
 
Minha boneca de pano, artesanato perfeito
Que acalentava meu sonho tirando a dor do meu peito
De dia me inundava a magia, de noite virava poesia.
 
Vovô deitado na rede...
Vovó na cadeira de vime
Cesta de taquara ao colo e muitas lãs coloridas
Tecia um belo pulôver para o amor de sua vida.
 
Os bordados, as costuras, os trabalhos manuais
O pão doce, as quitandas, os quitutes matinais
Tudo feito com carinho... Quanta saudade me traz!
 
Hoje a industrialização atropelando a arte
Com seus (e)feitos concretos
Dá aos objetos uma nova dimensão.
 
O papel perde espaço na escrita convencional
Livros ganham terreno no universo virtual.
Ninguém resiste aos apelos das chamadas na televisão...
É a tecnologia em desenfreada expansão!
 
Máquinas trabalham a todo vapor...
Como resgatar a magia que bordava
Sonhos de amor nos antigos enxovais?
 
Artesãos perdem seus chãos...
Mentes vagueiam vazias...
Chora no canto a poesia!


_ Carmen Lúcia  e Maria Goreti Rocha_

segunda-feira, 25 de junho de 2012


Noite sem mácula

Noite sem mácula
(imagem copiada do Google)



 Antes que a noite anoiteça
quero apagar os vestígios
deixados na tarde e manhã
de um dia triste e nublado,
feito um poema inexpressivo,
insensível e inacabado.
 
Antes do cair da noite
quero limpar as fuligens
lançadas ao ar pelo vento
criando funesto cenário,
mudando a contragosto o tempo,
mostrando a luz de um sol imaginário.
 
Antes que a noite apareça
quero varrer os escombros
da manhã e tarde falidas,
ausência de cores, fragrâncias esquecidas,
livrar a alma de desastrosos presságios,
preparar o solo para o cultivo de sonhos,
plantar girassóis dourados e risonhos...
 
Quero a noite de lua cheia, envolvente,
estrelas incandescentes, saltitantes,
encobrindo rastros de mazelas
de um dia frio e agonizante.


(Carmen Lúcia)

Devolução

Devolução
(Imagem copiada do Google)

 Devolvo-te as rimas, os versos frementes

da poesia que retrata teu suposto amor,
devolvo-te os frêmitos, impactos ardentes
embalados e lacrados com a minha dor.


Devolvo-te os momentos, os melhores já vividos,
disfarçados num sorriso para não te constranger...
Neles me situo e ainda que fingidos
foram momentos que me ensinaram a viver.


Devolvo-te a alegria transformada em tristeza
que me movia ainda que o mundo não se movesse
e me fazia crer que me falavas com franqueza.


Devolvo-te a vida: é como se eu morresse
e todo meu amor imbuído de verdade...
Fico com a lembrança e toda essa saudade.


_Carmen Lúcia_

sexta-feira, 22 de junho de 2012



 Simples assim... 
  Como se o amor fosse nada
  e a saudade fácil de ser apagada...
Como se ao engolir o pranto
o nó não sufocasse a garganta
e as lágrimas não rolassem tanto,
  por encanto...ou desencanto...

Como se o ato de fechar cortina
pusesse um ponto final na história
separando-a da memória
sem aquela dor que desatina
a se alastrar com a chuva fina...

Como se o rastro de teu perfume
exalasse pra bem longe meu queixume
por entre densa névoa, indo,
distorcendo aquela imagem
de ti pra mim sorrindo...
 

Tão simples... 
como se calar a voz do pensamento
calasse também o grito do silêncio
dissimulando o brilho do olhar
a conjugar em qualquer tempo
o verbo amar...

Como se o coração se rendesse a regras
e em descontrole controlasse as emoções
congelando com o frio do inverno
as vibrações , as sensações, as paixões,
o sentimento mais terno...

Tão simples assim...
disfarçar o que se sente,
 interpretação dolente
e com um sorriso displicente
ter que dizer: Fim!



_Carmen Lúcia_