Chove…
A esperança renasce
em gotas cristalinas
vindas de um céu despojado
criado pra sempre prover
livrando o não lavrado,
cânticos do bem querer.
Chove…
No deserto de mim
e o frescor da chuva fina
ameniza o limiar do fim,
orvalha o seco da vida,
alaga a dor reprimida,
estio plantado sem jardim.
Chove…
O bem que vem do
alto
refresca o calor do asfalto,
desfaz o nó bem atado,
apaga o maldito feito
proibindo a razão de ser,
mareja o chão que decolo
voando com minha ilusão
em busca de inspiração
e regresso um novo
verso.
Chove…
A terra fica em festa,
rolam pedras, abrem-se frestas,
surgem borboletas orvalhadas,
infestadas de cores, jardins e heras,
julgando ter chegado a primavera.
(Carmen Lúcia)
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