quarta-feira, 1 de abril de 2015

Manhã





Amanhece.
Entrego-me aos braços da manhã
confiante na luz a me banhar clarão.
Aninho-me em seu colo.Decolo.
Alma desprendida alcança o céu
e o traz para dentro de mim,
e o faz fazer parte de mim,
liturgia ungida de sacramentos.
Portas abertas, meu corpo é templo
a contemplar a letargia do momento
sacro, na fé que em meu corpo guardo,
ainda que todas as mazelas do tempo
destoem a oração do dia, a homilia,
surdas aos cânticos melodiosos da manhã,
à brisa que sopra a ternura do amor,
manto divino onde abrigo meu interior.

Regressa.
Com suavidade, sem pressa.
Sua luz não escurece.
Perpetua-se em cada coração.
Resplandece em cada oração,
na esperança que o dia oferece.
Manhã que nasce feito prece.



(Carmen Lúcia)

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