sábado, 4 de abril de 2015

Via Crucis



E então decidi...
Despojar-me de todos pecados,
ser meu próprio Pôncio Pilatos,
ter meu corpo crucificado...
Não pra salvar a Humanidade,
não me crivaria de tamanha dor,
Cristo foi mais sonhador...
Não, foi mesmo autopiedade,
da alma, em busca de serenidade.
Caminhei com a cruz...A que me impus!
Não caí somente três vezes.Foram muitas!
Já havia tombado tanto
pelo peso de meu pranto,
por minha consciência pesada,
não ouvir a voz da razão,
nem mesmo a do coração,
E agora, Via Crucis, levo-me à condenação.
Fui Verônica.Cantei o meu desencanto,
limpei sangue de meu âmago,
deixei registrado no pano
o meu triste desengano...
A Madalena arrependida,
pelo homem incompreendida.
Agora cheia de dores e acatos...
Vítima dos desacatos.
Tentei levantar-me, ser o meu Cirineu,
reacender a chama que um dia morreu.
Momento sublime...Maria, mãe que redime,
Um encontro...Um olhar...
Nem foi preciso falar...
A única expressão...a de nosso coração!
Sedenta de amor, bebi o seu mel...
Desnudei minha alma, arranquei-lhe o véu!
E chorei...Implorei...Me ajoelhei...
Finalmente, enxerguei uma luz
semiapagada, de um sol eclipsado
recomeçando a acender...

_Carmen Lúcia_

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