Não importa que o mundo se choque
e as pessoas evoquem
o santo protetor...
Benzam-se pasmas e indignadas,
invoquem os falsos valores
de uma ética desqualificada.
Não importa que de mim se afastem,
as luzes se apaguem,
o palco venha a
ruir.
Da ribalta quero fugir.
Resgatar minha identidade,
viver a autenticidade,
ser essência e verdade.
Se alguém se
sentir ofendido,
não sabe quem sou, não sabe o que sinto,
moldada no que querem que eu seja,
atada pra que não ande nem veja...
“Tô nem aí pro que der e vier...”
Dane-se quem quiser!
Tiro as roupas que me sufocam
vincadas de normas, preceitos morais.
Faço striptease dos rótulos
“ mulher perfeita, efêmera, passiva, reta...”
estereótipo da pessoa correta.
Quero agora escandalizar.
Arranco as sandálias e avanço,
não me canso.
Pés descalços, alma nua,
a caminhar
em território profano,
sagrado,
insano...
Me deliberar!
Carmen Lúcia
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