quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sonhar sempre




Quando tudo termina
ainda há como recomeçar.
Recolhe-se os sonhos
amontoados num lugar,
sopra-lhes as fuligens,
um sopro de vida para os reanimar,
aguça-lhes as asas,
apara as arestas
para os fortificar…
Agarra-se à esperança
(ela está ali a esperar)
ainda que o desânimo
peça-lhe que se vá…

Ensaia mais um voo
com o cuidado de não se estatelar.
( Tantas vezes se esqueceu de acordar.)
Fia-se nas rezas, em seu escapulário,
seu mantra, seu sacrário,
seu rosário de contas desgastadas,
na chama acesa da vela ao seu lado.
Volta a acreditar…
Não sonhar é morrer
e ainda há tanto pra viver…
Viver o que a alma apela,
o que a alivia, o que é poesia.
Abra portas e janelas.
Tira as tramelas…
Deixa o futuro entrar.


(Carmen Lúcia)

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