quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Falhas irreparáveis




Faltou dar significado à vida.
Viver o instante antes da partida,
trancar a porta aos sentimentos precários,
desnecessários para um transcorrer palpável.
Renascer a cada dia de esperança e alegria.
Faltou o recomeço, o afã de reinventar
motivos para comemorar
as artimanhas da sedução,
o fetiche da paixão. Exorbitação.
Faltou alimentar os sonhos…
Enfraquecidos morreram sem desabrochar,
como um rio que nunca chega ao mar.
Faltou caminho, chão aos nossos passos,
espaço para cultivar o bem que seria
as almas em união, corpos em comunhão,
destino a nos conduzir ao nosso lugar.
Faltou poesia.Versos se trombaram à revelia
sem sequer um gesto de amor.
Sem o encantamento da magia.
Faltou fidelidade à essência,
matéria-prima da existência.
Encarar o fracasso como reticências…
Faltou a demora na escolha das linhas
e das cores na trama dos teares
construindo o artesanato do amor
na delonga que exige o tempo,
seja lá quanto tempo for.
(Amor não se constrói da noite para o dia.)
Faltou futuro para tanta ousadia,
faltou bravura a desenhar o futuro,
faltou firmeza do ancoradouro seguro.
Faltou confiarmos em nós mesmos.
Abraçarmos o que nos convinha.
Contermos os desatinos.
E sucumbimos.
_Carmen Lúcia_

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