terça-feira, 17 de novembro de 2015

O que já se foi





Nuvens pesadas escondem o sol.
A primavera recolhe as flores
 apáticas  combinando desbotar
por não sentirem  afago da luz solar.

Ei-la que surge nesse cenário apagado.
Um vestido roto oculta o corpo minguado,
o perfil desfigurado, sua fragilidade.
Menos a alma inquieta maior que ela.
Menos os sentimentos a aflorar na pele.
E a emoção, registro de sua sensibilidade.

Perdida no tempo, encontra-se nas lembranças,
prende-se na saudade.
Refugia-se na solidão dos lugares que desconhece.
Vara a noite e a madrugada. Amanhece.
Quer ir, sem saber onde, vagar sem horizonte.
Reencontrar-se com o passado, talvez…
Chegar onde não mais podia, desta vez.

Mistura lágrimas das nuvens e dos olhos.
Gotas que aplacam marcas do corpo, do chão,
atenuando  as que marcaram o coração.
 Pede ao tempo, restauração,
devolução do que lhe tirou das mãos.
Passado é implacável.Clama em vão.


Resta pedir ao futuro o resgate
do sorriso roubado, da felicidade,
mas não quer abandonar o passado.
Alimenta-se de ausências, cultiva-as.
É o que preenche seu vazio,seu espaço.
Ausências que aliviam suas dores
regadas feito flores em qualquer jardim.


_Carmen Lúcia_




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