sábado, 21 de março de 2015

Chega um tempo...





Chega um tempo que não tem mais graça
olhar a vitrine, tomar um bom vinho, dançar uma valsa.
Andar por aí, curtir o que vier, sentar-se na praça.

Chega um tempo que não  entusiasma tanto
vestir roupa nova, gritar o que choca
 e dançar um tango.

Chega um tempo que é outro tempo
rápido, escasso, sem tempo
de olhar à janela, dobrar a esquina,
perder a cabeça, buscar outra sina.

Chega um tempo que o espelho embaça
a beleza das coisas que antes via
e que o próprio tempo  oferecia…
Vista agora através da vidraça.


Chega um tempo desprovido de vaidade
  cada espaço se enche de verdade
  o supérfluo se perde com a ilusão
 e a vida perde um pouco da graça
 dando lugar à razão.


_Carmen Lúcia_


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