terça-feira, 25 de março de 2014

Abrindo janela





Pra que fresta? Pra que tramela?
Decidi escancarar minha janela,
deixar de me esconder por detrás dela
fotografando o mundo pela metade
presa ao ostracismo que me invade
queimando detalhes, belezas escondidas.
Liberar o  elã vital, sentido da vida.

Nada de cortinas, chega de vidraças.
Quero ver o sol inteiro que transpassa
aberto, liberto, total,
a queimar meu corpo, aquecer a alma,
irradiar as flores lá de meu quintal.

Descobrir os cantos, mistificar encantos,
torná-los metáforas da vida,
reativar a esperança frágil , desenxabida,
vê-la renascida sob nova luz.

Basta de raiozinhos, trancas nas janelas,
quero o sol ardente a  derreter correntes,
quero abrir janela e pular por ela,
juntar-me aos sentimentos que joguei lá fora,
catá-los com a mão, impedir que vão embora.

Obstruir os caminhos da dor
e sorrir, cantar, dançar, viver,
deixar ao acaso a restauração  de meu ser.

_Carmen Lúcia_



Nenhum comentário:

Postar um comentário