domingo, 23 de outubro de 2016

Por que não?

























Dá-me uma razão aparente,
um motivo convincente
pra me fazer mudar.
Desfazer-me de mim,
ser camuflada e ruim,
traçar meu próprio fim.

Por que não posso ter
o destino que se me atrela
 se minh’alma aberta revela
o enredo de meu filme
projetado por detrás da tela,
visto por ninguém.
Ninguém sou eu também.

Por que calar o meu verso
se nele  me refaço,
com ele sou universo,
  nele  morro e nasço,
percorro terras, voo, me acho.

Por que mostrar meu reverso,
 o vazio se instalou aqui dentro
e o mundo que adentro
tem o não que me impuseste
e o teu poder de decisão.

Dize-me o porquê do não,
mostra-me tua razão,
convence-me a mudar
e tu serás o tema
da mais insonhável utopia
pranteada num poema.

(Carmen Lúcia)


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