Enfim...
Enfim, encontro-me nesta
paragem.
Nem sei se por mim ou pelo
quase fim.
Talvez pelos dois. A vida
é assim.
Ansiedade louca de se chegar ao depois.
E depois?
Das prerrogativas e abordagens,
dos estragos e vantagens
expostos à mesa, num leque
aberto,
repleto de probabilidades
e incertezas
onde o livre-arbítrio é um
passo incerto?
Penso que parto, mas estou
vindo.
Penso que venho, mas estou
indo.
Chegando, partindo,
chorando, sorrindo.
A adrenalina é pouca,
a resistência é rota,
a estrada, precária,
consumida nas extremidades
após penúltima cartada.
A passagem estreita
reduz a velocidade.
A marcha lenta adentra
sem a fobia de querer
chegar.
Alenta-se nos detalhes
antes alheios ao meu
olhar.
O tempo passa, mas agora
há tempo
de ver o mar, o luar, as
estrelas,
as cores, as flores, as
riquezas
sentindo a docilidade de
cada lugar.
Belezas jamais vistas
outrora
imbuídas na corrida insana
de se alcançar o agora.
(Carmen Lúcia)
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