sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sem poesia

Sem poesia

Sem poesia


Quando acabar a emoção, 
preponderar a razão,
traçarei a minha trilha.
Nenhum envolvimento que arrebate,
nem a luz que da estrela brilha,
nem tudo que se interpõe,
de repente, no caminho...
E nos propõe um embate,
pressiona a indagar:
Fico ou me deixo levar?

Nada me fará parar!

Quando não houver mais emoção
e puder contar com a razão
recomeçarei a vida.
Direi não ao coração,
às armadilhas sutis,
artimanhas febris
forjadas pelo destino.
Às oferendas do mundo,
às cores, dores, flores, amores.
Seguirei em frente, usarei o tino.
Ilesa a sentimentos profundos.

Mas como projetar os sonhos?
Sem alvoreceres, como sonhar?
Desprezar entardeceres do outono?
Sem arrebóis volveriam os girassóis?
 Os amanheceres, a chance de recomeçar?
Pode o poeta viver sem oferendas,
belezas que trazem o dia,
as dores, os amores,
as flores, os sentimentos?

Seria negar a todo momento
o dom divino de poetizar...
Morrer a cada dia,
sufocar o que precisa extravasar .
Trancar para si a poesia
e omisso, se calar.
Deixar à deriva os versos,
a rima sozinha a bailar.
Matar o que alivia,
se suicidar!

_Carmen Lúcia_

2 comentários:

  1. Gostei bastante do poema. Uma boa semana

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    1. Obrigada por sua atenção e carinho. Volte sempre! Boa semana para você também!

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