quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

sem amor, sem flor


 












 

O amor não floresceu.

Perdeu o viço. Minguou.

Ninguém cuidou. Ninguém regou.

Agora só o pódio importa.

A vida não, ela é em vão.

Parou.

O poder disputa subidas,

pisa valores,

doa a quem doa...

E dói demais.

Dilacera. Reverbera.

O amor fica atrás da porta.

O ter vence o ser

e o ser deixa de ser.

A existência banalizada

sufoca a essência, a sobrevivência.

Silencia a alma.

Então, que se distancie...

O abraço pode ser fatal.

O riso é descomunal.

Encontro, só consigo mesmo.

Mergulhar nas profundidades do eu,

entrar na reentrância do âmago,

salvar a relevância do existir.

Regar com lágrimas o solo infértil,

matizar a flor que perdura,

salvar o amor que cura.

 

Carmen Lúcia

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário