quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Mea culpa



















Faço o “mea culpa".
Qual a pena que a indignação indulta?
Ficar indignado, braços cruzados,
mãos atadas, olhos fechados?
Deixar acontecer e dizer-se pasmo?
Abrir as portas pra desejos torpes,
sentimentos precários,ordinários
se a reflexão sincera e leve
filtra qualquer arbitrariedade,
promiscuidade, falsa moralidade
ao lembrar os valores almejados
que agora pendem a balança
para o lado errado?
Quantas vezes pude intervir,
e à zona de conforto me prendi?
Fingi não ser comigo
e boa parte me cabia.
A mim, a você, a nós...
Deixei calar minha voz.
Contribuí com uma realidade falsa,
cônscia do que poderia acontecer.
Dei um grão de areia...
Assim como você
e o mínimo formou um deserto.
Do oceano, vi gotas se evaporando...
“e o mar virou sertão”...
Virei as costas sem calejar a mão.
A história está traçada.
Sem mocinhos, sem heróis, com vilões.
E eu, com minha indignação,
sou plateia, sou palhaça.
De um circo de lobos, alcateia,
aguardando o herói vencedor
 dar o grito libertador,
onde o silêncio brada mais alto.


Carmen Lúcia




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