quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O poeta não...





















O poeta sabe que não pode parar…
Nada o obriga a prosseguir
a não ser a inquietude louca
ou o frenesi indomável
de combinar palavras
colhidas e equilibradas
na corda bamba imaginária
de um circo dentro de si
sem sombrinhas ou proteção,
palavras à vela, despojo que revela
a verdade que pode ser sua
e  se coloca nua
exposta numa janela.


 Não, o poeta não pode parar…
Tem por sina dizer o que obstina,
tem por norte não temer a  morte
visto que  da alma lança mão,
alicerce da inspiração,
substrato da mente, semente
 que entumece e cresce
enquanto o resto permanece em vão.

 Sem poeta é mundo sem visão,
é olhar por trás da lente que embaça,
não perceber o pranto, o riso, a esperança,
o sonho escondido
por detrás da vidraça
dançando com versos
ao som da inspiração.
É ver a insensibilidade
virar coração…
Viver num mundo triste
onde a realidade persiste
em ser apenas o que é.


(Carmen Lúcia)


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