Em
tudo que há de triste
a
tristeza ainda persiste
e
insiste em me azucrinar.
O pior é que não mudo,
ocupo
os espaços para me acomodar,
alastro
a mania de ser triste,
escalo
o escuro do mundo,
fecho
os olhos como se fugisse,
pouso
em qualquer canto como se agisse
para
me( in)socializar,
faço-me
muda pra não ter que falar
feito
mosca morta matada
da
comida saciada pelos magnatas
que
nunca se fartam de se fartar.
Em
tudo que há de triste
sobra
nada...
Sociedade
estagnada,
dignidade
disfarçada
num
sorriso (in)convincente
atrás
de cada máscara
adequada
a cada dia,
a
cada sórdida atitude
inserida
numa linda melodia.
E
a alegria chora distante
vendo
o mundo galopado por abutres
exalando
o conteúdo acre
destilado
de seus fraques,
sociáveis seres galopantes.
Cruzo
os braços e me calo.
Num
galope resfolegante
bato
em retirada,
me esvaio, me resvalo
e
me tranco no escuro...
entre
a sordidez e o mundo
faço
um muro.
_Carmen
Lúcia_
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