quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A máscara nossa de cada dia



Em tudo que há de triste
a tristeza ainda persiste
e insiste em me azucrinar.
 O pior é que não mudo,
ocupo os espaços para me acomodar,
alastro a mania de ser triste,
escalo o escuro do mundo,
fecho os olhos como se fugisse,
pouso em qualquer canto como se agisse
para me( in)socializar,
faço-me muda pra não ter que falar
feito mosca morta matada
da comida saciada pelos magnatas
que nunca se fartam de se fartar.

Em tudo que há de triste
sobra nada...
Sociedade estagnada,
dignidade disfarçada
num sorriso (in)convincente
atrás de cada máscara
adequada a cada dia,
a cada sórdida atitude
inserida numa linda melodia.
E a alegria chora distante
vendo o mundo galopado por abutres
exalando o conteúdo acre
destilado de seus fraques,
 sociáveis seres galopantes.

Cruzo os braços e me calo.
Num galope resfolegante
bato em retirada,
 me esvaio, me resvalo
e me tranco no escuro...
entre a sordidez e o mundo
faço um muro.


_Carmen Lúcia_











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