Ainda ouço teus passos se
distanciando,
perdendo-se na esquina que
te engolia,
tragando-te afoita, droga à
revelia,
mutilando uma história que
ainda aconteceria.
Sibilam em meus ouvidos as
badaladas de um sino
marcando as horas, trilha
sonora que estribilha
rasgando-me a carne,
mostrando meus avessos,
tendo a lua a compactuar
com meus tropeços.
Ainda ouço o estardalhaço
dos soluços
que meus lábios apertados
tentaram segurar
e num sôfrego vazaram,
desabados,
num choro compulsivo, sem
parar.
Fostes...simplesmente
fostes,
( como sempre fostes),
sem medires a proporção do
estrago,
a dimensão de
inconsequente ato,
carregando sobretudo,
tudo...
Talvez me reencontre sem
teu disfarce
e me resgate algum ancoradouro...
Corpo e alma num inusitado
encontro, sem ais...
E o silêncio do luar oculto
entre a névoa de um cais.
_Carmen Lúcia_
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