Não quero me perder
dos valores que assimilei,
deixar a mágoa vir à tona
alagando o que sonhei,
tomar o comando das rédeas,
se prevalecer...
Não fecharei os olhos
e deixar acontecer
me transformar em outro ser.
Não! Não foi por isso que lutei,
bravamente, incansavelmente.
Engoli dores, sufoquei prantos, pisei pedras...
Seguindo em frente, sempre,
Varei sóis e luas, tropecei calçadas, quedas duras,
amanheci noites mal dormidas,
entardeci antes do entardecer
sem ver o sol morrer
a esperar a lua que não vinha, não via.
Nem a corrosão da dor mais contundente
se interpôs, me fazendo esmorecer.
Plantei flores sobre rochas
e regadas a suor as vi florescer.
Cicatrizei profundas feridas...
Fizeram-me crescer.
Agora que cheguei onde cheguei
seguindo os dogmas que a mim criei
tentam destruir o castelo que arquitetei...
Não, de meus valores eu não abro mão.
Junto fortemente os dedos e não deixo vãos.
Impeço escorrer entre eles
Não, nada há de vir que me abale.
Calo minha voz e deixo que o silêncio fale.
_Carmen Lúcia_
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