domingo, 29 de julho de 2018

Espelho


























Que espere a emoção!
Dê-me um tempo a inspiração.
Rasa de sensibilidade
encontro-me com a verdade
de cara lavada
sem máscara ou vaidade
frente ao espelho.
Quem sou?
Ele nunca revela.
O lado que mostra
é o que me prostra
e o que todos veem.
Retrato mal formulado
moldura sem essência
minha passiva armadura
defesa de meu ponto fraco.
Meu exterior de agruras
que tento esconder.
A fragilidade oculta
não deixa transparecer.
Minh’alma não espelha
e preciso saber
o que ela quer de mim.
Como mostrar-me nua
se a nitidez ofusca
e é o que quero transparecer?
Encobre as perfeições
mantidas bem guardadas
veladas, consagradas,
para os tempos de expiação.
Reflete as evidências,
o óbvio, as certezas…
Esconde o coração.


Carmen Lúcia


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