sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Quase




















Quase me deixei levar
sem ponderar o certo ou errado,
mas o destino tinha o não tramado
e entre o certo ou errado
o nada aconteceu.

Quase gritei meu sentimento
no ápice das emoções incontroláveis,
mas fiz falar o meu silêncio.
 Retrocedi ao arrebatamento.

Quase consumei cada momento
a crescer na volúpia do voraz desejo,
no ensejo de mostrar o meu avesso,
mas tropecei na incontida urgência
de me despir em fatos e argumentos.

Quase me opus ao tempo
pedindo-lhe um contratempo,
um flashback, um alento…
voltar à flor do passado
colocada sobre teu teclado
num gesto de ternura, impensado.
E olhaste o meu olhar desviado,
calado, querendo falar alto.

E me perdi no quase,
sem jamais me ter achado.


Carmen Lúcia


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