terça-feira, 13 de junho de 2017

Respostas sem perguntas















Reveste-se de pátina o cenário.
Personagens reais ou imaginários,
envelhecidos,
tribais.
Não pela ação do tempo.
 Por ali ele nem passa.
 Ultrapassa.
Assim como a ação da luz.
Descompassa,
 não seduz.

Quem são?
De onde vêm?  
Paridos de qual solidão?
O que não têm?
O que veda o sofrimento
 frente a tal confinamento?
No gueto,
o unguento a entorpecer feridas,
prisão cercada de fumaça e pó,
desamor a representar sem dó
 atos desencadeando  nãos  à vida.

E a sociedade, cheia de respostas,
de ideias e intervenções,
ações supostas,
olhos turvos de ramela,
olhar que reprime, atrela,
 lança a novas reclusões
sem a profundidade
precisa de um olhar,
onde se é juiz e promotor.
Sem réu.
Onde jaz todo valor
sem julgar a dor.

Arrogância, hipocrisia,
intolerância à revelia,
antropologia imoral,
um faz de conta geral
do rumo certo tomado  
e o certo ou errado
já se tornaram utopia.
Vultos sem rostos,
 vivos-mortos,
filhos da urbanização patológica.
 Não perguntam,  querem não ser.
Inibem a cara pro sol, tentam se esconder.
Lançar mão da droga para não doer
a dor que dói mais que se drogar…

São parte da sociedade,
não excluídos da Constituição,
prescritos na bíblia sagrada,
 sagrados em comunhão
ou o Cristo da revolta,
 “Atire a primeira pedra…”
não mais se revolta?
 Morreu?

A Cracolândia existe.
É o avesso do mundo.
Seu  lado contrário e imundo.
A realidade triste
que persiste em desdizer
o que sabemos
sobre condição humana.


 Carmen Lúcia





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