Reveste-se de pátina o cenário.
Personagens reais ou imaginários,
envelhecidos,
tribais.
Não pela ação do tempo.
Por ali ele nem
passa.
Ultrapassa.
Assim como a ação da luz.
Descompassa,
não seduz.
Quem são?
De onde vêm?
Paridos de qual solidão?
O que não têm?
O que veda o sofrimento
frente a tal
confinamento?
No gueto,
o unguento a entorpecer feridas,
prisão cercada de fumaça e pó,
desamor a representar sem dó
atos desencadeando nãos à
vida.
E a sociedade, cheia de respostas,
de ideias e intervenções,
ações supostas,
olhos turvos de ramela,
olhar que reprime, atrela,
lança a novas reclusões
sem a profundidade
precisa de um olhar,
onde se é juiz e promotor.
Sem réu.
Onde jaz todo valor
sem julgar a dor.
Arrogância, hipocrisia,
intolerância à revelia,
antropologia imoral,
um faz de conta geral
do rumo certo tomado
e o certo ou errado
já se tornaram utopia.
Vultos sem rostos,
vivos-mortos,
filhos da urbanização patológica.
Não perguntam, querem não ser.
Inibem a cara pro sol, tentam se esconder.
Lançar mão da droga para não doer
a dor que dói mais que se drogar…
São parte da
sociedade,
não excluídos da Constituição,
prescritos na bíblia sagrada,
sagrados em
comunhão
ou o Cristo da revolta,
“Atire a primeira pedra…”
não mais se revolta?
Morreu?
A Cracolândia existe.
É o avesso do mundo.
Seu lado contrário
e imundo.
A realidade triste
que persiste em desdizer
o que sabemos
sobre condição humana.
Carmen Lúcia
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