quarta-feira, 4 de maio de 2016

Entre rimas e versos (para minha mãe)




Escrevo…
Mas as palavras não alcançam,
não conseguem aliviar o que sinto…
circulam ao meu redor e dançam
num ritual solidário e mudo,
silêncio a povoar o recinto.


Escrevo…
Sobre a saudade tamanha
que cala, fala, rasga, se instala…
 me acompanha e faz chorar
na esperança vã de que vai passar,
e o tempo para pra se desculpar.

Escrevo…
E a ressuscito em rimas
guardadas no baú do tempo
que me servem de alento
compondo versos onde a vejo sorrir,
a vejo cantar, a vejo vir e nunca partir.

Escrevo…
E as palavras vêm naturalmente,
descrevem o que realmente se sente
quando a saudade é maior que a gente
e o desejo de um abraço é voraz…

Escrevo…
Tento iludir-me que me está lendo,
mas o papel é molhado pelo pranto,
o sentimento se encrua cá dentro,
os versos voam um voo lento
e as rimas se arrimam pelos cantos.

(Carmen Lúcia)


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