domingo, 23 de agosto de 2015

Sem rumo

Oh, Deus! Será que enlouqueci?
Transgredi os limites da razão,
Fui além dos sonhos, das medidas da emoção,
E em meio a desequilíbrios e turbilhões
Nem sei quem sou, onde estou, pra onde vou...
Vesti e desvesti inúmeras fantasias.
Transvesti-me de sábia e aprendiz.
Na louca vida de encenação e ostentação,
Querendo ser eu mesma, fui atriz,
Onde ser verdadeira é mera ilusão.
Busquei no túnel escuro a flor do dia,
Para espantar meus medos, fiz poesia.
Subi ao pódio, sem ter vencido a luta,
Tentei me enganar e contornar os fatos,
Fui santa, fui puta...no decorrer dos atos.
Levanto o pano vermelho, me olho no espelho:
Frinéia ou Messalina, Pompadour ou Marie...?
E tenho a sensação de que nunca me vi
Desconheço-me...Silêncio contemplativo...
E permaneço no gerúndio, perdendo-me no infinitivo.
Enfim, a quem recorrer, senão a Ti?
Quando tudo esmorece ainda resta a prece
E a esperança de um dia Te ouvir.
Santa, puta, demente ou carente...
A verdadeira alma a Ti eu esculpi!

Carmen Lúcia/SP

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