No semblante, traçados
da terra ressequida
retratam o solo
agreste do sertão
onde a chuva miúda chuvisca distraída,
onde o atípico verde-musgo foi morar
brotado dos (es)poros
das células mortas
em desencontro com o
habitat,
com a secura nativa da pele,
deixando um ar de desconsolo e desalento
em quem vive a longevidade sem vontade
porque a morte se esqueceu de a levar…
Esconde-se no brilho seco do olhar
perdido no mais longínquo sertão
à espera que a ilusão
lhe traga, em vão,
alguém que lhe jurou
voltar…
A dor não mais a incomoda,
acomoda-se na
calosidade de seus flancos
a carregar cestos de caju e de cajá
e a sobrevivência provinda desses frutos,
passos trôpegos para
lá e para cá…
Virou parte de seu funesto itinerário
a lida vivida no âmago seco da vida,
no retiro desguarnecido do coração solitário,
no cerne do sertão onde nada acontece,
nas contas já puídas do rosário,
na velha ilusão que esmorece,
na desilusão tecida em macramê,
na desesperança de nada acontecer.
_Carmen Lúcia_
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