sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Enquanto tu dormias...






o sol se escondeu,
dando passagem à lua
que ao mudar de fase
tirou sua roupagem
e mostrou-se nua,
qual dama lá do céu...
e reluzia nova
clareando trovas,
sonhos de menestrel.
Enquanto tu dormias...
eu petiscava lantejoulas
e peroladas estrelas,
nobre coroa
que piscava entre véus
e namorava a rua,
no silêncio da noite...
mudez dos becos úmidos,
expectativas...
aroma de rosas...
aguardar das avenidas...
encontros pútridos...
sentimentos torpes.
Enquanto tu dormias...
corujas sombrias
piavam a espreitar
sombras escuras
vagando perdidas,
tentando encontrar
as chaves de cofres
que lacram segredos
de fortes enredos...
nem mesmo alquimia,
nem pedra filosofal
ou toda a magia
transmutam o final.
Enquanto tu dormias...
a brisa da noite
soprava soturna...
e lá no telhado
ao ver-se ameaçado,
um gato a miar...
arrepiado,solitário,
arisco...livre...
( qual alma de poeta)
partiu pra outro lugar
sem se deixar pegar.
Enquanto tu dormias...
homem solto nas ruas
divagava pra lá e pra cá...
deslumbrado, inebriado
por alucinações...
luziam bares,
retiniam gargalhadas...
encontros loucos,perdidos
entre cores de anúncios
coloridos e neon...
Enquanto tu dormias...
As canções cobriam os palcos 
e o homem
tudo via e ouvia
qual pássaro a alardear
um trinado vibrante...
distribuía
suas impressões
entre luzes,
velas
e paixões...
Repentinamente
a sombra errante
desaparece num instante,
fugaz como o tempo
...para os amantes...
Enquanto tu dormias...
... e nada vias... 

     Carmen Lúcia & Angela
Oiticica

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