quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Hoje sou noite

Hoje sou noite

Hoje sou noite


Hoje sou dia sem luz.
A noite me roubou o amanhecer,
cravou-me sua escuridão,
adiou seu anoitecer .
Quis para si todo clarão,
 sequestrou a lua
e na avidez de tê-la
apagou as estrelas,
atirou-me ao chão, nua.

Na penumbra, tateio o espaço.
Vagueio, me venço pelo cansaço.
Não sei o que faço.
Procuro e não acho.
Não vejo o sol.
As manhãs.
O arrebol.
O verde das hortelãs
O volver dos girassóis.
As cores, os matizes,
a complementação dos arco-íris.

Perco-me na escuridão.
Da alma, o questionamento:
Qual a cor da solidão?
 Da dor, do confinamento?
Da aflição, do desamor?
Da separação, do sofrimento?
Da vida por um fio
lançada ao desafio
da fome que impele
que o espírito se rebele?


_Carmen Lúcia_

2 comentários:

  1. Que belo poema, apesar de transparecer um pouco de tristeza. Gosto da tua escrita. Parabéns

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  2. Mais uma vez lhe agradeço,Susana. O transparecer da tristeza deve ser porque há dias e dias. Um beijo!

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