sábado, 17 de agosto de 2013

Como uma águia

Como uma águia

Como uma águia



Dou-me a uma pausa.
A canção já não consegue encantar.
A música destoa na pauta.
É preciso parar e refletir,
repensar para seguir.
As palavras já não fluem certas.
Quebram-se, desconexas.
A razão se mostra emocional,
a beleza se funde com o trivial.

Os passos se confundem na trilha incerta
que já não comporta meus sonhos parcos,
despojos guardados num barco prestes a naufragar...
O saber me neutraliza. A ignorância é concisa.
Permite-me repousar.
Pequenas mortes fazem-me recuar
e poetizar tristezas 
choradas em meu acervo sentimental.

Meu voo é rasante, aquém do normal.
A vida não pode parar.
Feito águia, recolho-me ao ninho.
Entro em processo de renovação.
Desfaço-me das penas, dilaceração,
fardo pesado de lamentação,
das garras que se me fixam
detendo-me no mesmo lugar.
Esqueço o tempo, persevero e espero
o momento certo de continuar
e pra bem alto, voar.


_Carmen Lúcia_

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