Sou arredia, um bicho acuado,
Que foge de carinho por não ser acostumado.
Sou o escárnio, o sarcasmo, o pútrido,
A queixa a se manifestar no púlpito.
Sou a esquina úmida e vazia,
A conseqüência da noite de euforia...
Sou o rio que nunca chega ao mar
E morre na praia sem saber amar.
Sou a dor que pulsa quando o amor se vai...
A lágrima triste que rola e se esvai,
Sou o incesto que não foi amado
E o mistério jamais revelado.
Sou a tempestade que o barco afunda,
O fantasma que surge da penumbra...
Da alma, a amargura...
Da vida,a desventura...
Tijolo podre de uma construção
A desabar em qualquer ocasião...
Dependente...carente...mal amada,
E mais que isso...Sou nada!
(Carmen Lúcia)
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