O que fazer?
O que fazer
se o dom se vai
e numa feroz retranca
sentimentos se fecham,
coração se tranca,
castra o que se pode gerar.
Em revolta se volta,
na conspiração consigo mesma,
-a inspiração-
ferramenta que alimenta
o sonhar.
Inativa, tende a enferrujar.
Se desfaz, não é capaz.
O que se tem à mão
é a vontade inabalável
de se pronunciar
e a palavra se encrua,
não permite se dar,
entalada na passagem de tantas
que querem falar...
E mudar.
Diante da "anticatarse"
a alma se contorce,
o verso se distorce,
a rima se escorre,
o poeta morre.
Carmen Lúcia
(09/08/2022)
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