sábado, 9 de abril de 2016

Reencontro


Reencontro




Ainda ouço teus passos se distanciando,
perdendo-se na esquina que te engolia,
tragando-te afoita,  droga  à revelia,
mutilando uma história que ainda aconteceria.

Sibilam em meus ouvidos as badaladas de um sino
marcando as horas, trilha sonora que estribilha
rasgando-me a carne, mostrando meus avessos,
tendo a lua a compactuar com meus tropeços.

Ainda ouço o estardalhaço dos soluços
que meus lábios apertados tentaram segurar
e num sôfrego vazaram, desabados,
num choro compulsivo, sem parar.

Fostes...simplesmente foste,
 (como sempre foste),
sem medires a proporção do estrago,
a dimensão de inconsequente ato
carregando sobretudo, tudo...

Talvez me reencontre sem teu disfarce
e me resgate algum ancoradouro...
Corpo e alma num inusitado encontro, sem ais...
e o silêncio do luar oculto na névoa de um cais.

_Carmen Lúcia_
 

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