quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Convés





 Meu barco não vai sem mim
deixar-me só, em desabrigo,
levar meu desejo de ir
de divagar pelo mar e fluir.
 Anseio  deixar o porto,
navegar  meu sonho mais louco
 em confronto com as marés,
esse meu destino torto
ancorado ao invés.


Espero a névoa subir
a estrela se distrair
o sol se deitar
o barco surgir
e enfim, partir.
 Recolher-me em seu convés
sem  sequer querer saber
se vai chover, se vai dar pé.
Caso o barco afunde
com as mãos irei remar,
aprenderei a nadar.

No cais deposito o caos
de um naufrágio urbano,
as velas  das velhas naus,
os desatinos humanos,
as vezes que eu engoli
o pranto fingindo sorrir.
Portanto quero partir,
se naufragar crio asa,
alço voo, me recolho
no convés de uma gaivota
voando ao revés de casa
sem pressa, sem hora, sem volta.

_Carmen Lúcia_

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