sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Instabilidade da alma



Quero rir uma risada boba
nascida à toa em qualquer lugar,
trazendo à tona todo sentimento
para explodir e extravasar no ar,
até tornar-se gargalhada
franca e escancarada
pra contagiar.

Quero abraçar motivos,
fúteis e expressivos
para me encantar...
Todo detalhe que me baste e afaste
do desencanto de não mais sonhar...
Se porventura dormir a magia
ou a tristeza quiser acordar
de um baluarte vem a alegria,
o meu consolo se eu quiser chorar.

Quero reviver prazeres
colhidos, contidos nos alvoreceres,
vividos e guardados em minha lembrança,
lugar onde o tempo jamais alcança
ou não tenha tempo para alcançar.
Quero recolher palavras
pra preencher a minha fantasia
e cirandar durante noite e dia
sentindo pingos de pétalas macias
chovendo em mim, versejando rimas,
num festival de cores que a vida anima.

Quero da madrugada, a oração,
a serenata pura, sem estrelas ou luas,
pra que eternize extrema emoção,
a comoção do orvalho entre lágrimas,
a melodia vinda do coração,
momento silente, do âmago ardente,
e do poeta que "finge a dor que sente",
mas que consente quando tudo silencia
e chora a alma na mais bela poesia.

_Carmen Lúcia_

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)

2 comentários:

  1. Se chora, canta, sorri,
    Se esta longe estando perto,
    Não é pecado mentir:
    -O poema tem que dar certo.

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  2. Lindos e sábios versos! Obrigada por sua presença em meu cantinho!Volte sempre, ndapaiva! Abraço!

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