terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Escolhas





A incerteza a confundia tanto…
Não sabia para onde ir, ancorar em que canto…
Parar, continuar, insistir, iniciar,
seguir em frente , voltar,
desistir de tudo ou ficar no  mesmo lugar.
 Ser a personagem principal
de uma história que era dela
e lhe fora usurpado o papel.

Perdera-se pelo caminho, fugia,
já não sabia o que queria…
O sangue queimava-lhe as veias,
a dúvida escorria pelos vãos.
Cansada de opiniões alheias
tentou buscar no passado
respostas para o presente incauto.
O silêncio inaudito bifurcou a estrada,
traçou-lhe uma encruzilhada, mais nada.

Afinal, o que restaria a uma menina
sem sina, sem rumo, sem prumo?
O medo  aproveitou sua fragilidade
e com maldade entrou sem permissão.
Aumentou-lhe a indecisão.
Com a velocidade do tempo
percebeu os sonhos desperdiçados,
transgredindo as regras das horas.
Jogados lá fora.

Era ela e seus inversos.
Chorava seus excessos, sua dúvida,
 suas contradições, o arrependimento
de não ter tomado antes suas decisões.
Mas sua alma sedenta de realizações
superou o medo, a dúvida, o passado…
E foi. Na simplicidade de apenas querer ir,
sem saber se conseguiria chegar…ou desistir…
Mas foi.


(Carmen Lúcia)



domingo, 10 de janeiro de 2016

Coração sem juízo




Meu coração atrevido
desconhece as leis da vida,
a gravidade que nos alicerça 
nessa incrível viagem:
voar, levitar, pousar,
mudar de patamar.
Por mais que tenha vivido
nunca se vê abatido,
ainda impulsiona o ir
embora o físico, sem ar,
queira ficar.
Não sabe que o tempo passa
e a pulsação descompassa,
enrosca-se nas entranhas
das ousadias, nas retrancas
das finitudes de sonhos e utopias.
E o coração insiste, jamais desiste.
Atém-se ao que prevalece,
ao que regozija e entorpece,
certo que assim não envelhece.
Quer pulsar, explorar, conquistar.
Rende-se à tentação turbulenta,
à sedução das paixões fraudulentas
que avassalam e se vão.
Mas sempre deixam lição.
Capta qualquer emoção.
Acelera o ritmo, sem noção.
Encanta-se com quase nada;
a brisa que passa, um sonho de valsa,
um beijo, um pedaço de queijo,
macarronada…
Vive o que o conforta,
o que lhe importa.
Coração desconhece razão
por ser tão limitada.
Rígida na partida,
precisa na chegada.
Vai, coração,
embarque na fantasia,
viva o que o extasia.
Vai onde já não posso ir.


_Carmen Lúcia_