quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vazios








Bate-me a solidão.
Não sei se vem com o vento,
com o tempo, a contratempo,
 ou mora em mim.
 Com ela o insano desejo
de tardias realizações
como se ainda fosse tempo
de fantasiar ilusões.
Que desejo permanece
se o ensejo enfraquece
quando se chega ao epílogo
e  só cabe o fim?


Desejo feito de vazios,
espaços não preenchidos,
retalhos mal costurados
enquanto o mundo era meu.
Sensação de ter perdido
o que tive em minhas mãos
e num sopro de maldade, morreu.
Os melhores momentos
escorridos pelos vãos.

Agora a vida insiste em seguir em frente,
embora o mundo me seja indiferente
ou algum imprevisto venha me surpreender,
 cruzar o meu caminho
 e um novo sopro, de mansinho,
 me chame pra viver.

_Carmen Lúcia_