quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Entremeios




Não quero ser começo nem fim
e sim entremeio dos enredos
onde a essência reside sem medo,
sem prever o que está por vir...
Não quero ser flor nem espinho;
o meio termo é que determina o caminho
e o cultivo traz a satisfação de ter deixado
em cada trecho, sangue, suor e carinho.
Não quero ser profana nem sagrada,
mas sucumbir na palavra sacramentada
e conhecer os dois lados da vida...
Colher o que me coube ao longo dessa estrada.
Não quero ser canção ou melodia
mas do piano, as notas musicais,
ainda espremidas em solfejados ais
num ritual que leva à sinfonia.
Não quero ser Romeu nem Julieta,
chorar a dor do sentimento arrebatado,
mas sim o canto da cotovia
anunciando um amor inacabado...
Não quero ser rio nem oceano,
mas a gota que falta pra preencher o vazio
e transbordar no estio do sertão
o pranto feito um elo de restauração.
_Carmen Lúcia_

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tristes versos




Dizem que são tristes meus versos...
Mais triste é não poder fazê-los
e jamais descrevê-los
da forma que se me apresentam
pedindo que os extravase
da maneira que me invadem
tocando meu coração...

Se fazer versos é retratar a alma
como evitar a veracidade
que me desponta
quando quero, francamente,
lançar todo sentimento
que atônito me arrebata
e fazer dele
alegre e suave canção?

Não! O que me brota
germina nos versos que faço,
nas linhas e entrelinhas que entrelaço
revelando derrota ou cansaço.
Se são tristes,
seguem meu compasso...
Se a dor bate à minha porta,
prontamente a abro...
Autenticidade é o que importa.

          _ Carmen Lúcia_



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

É carnaval




É carnaval...


Hoje o dia está triste. Chove lágrimas de um céu cinzento e hostil, em discrepância com o carnaval. Ainda há carnaval!
A alegria descabida e camuflada de um cenário não convincente onde protagonizam a vida vestida de dourado, teima em desfilar pela avenida em desagravo às sanguinolentas feridas.
Querem curá-las a qualquer custo...mesmo arrancando suas cascas com as unhas para sangrá-las de uma só vez. Ou quem sabe estancar o sangue no intuito de reverter a dor e viver intensamente, no sentido mais amplo da palavra, o real carnaval, pois é ele que corre nas veias de um povo sonhador, que não se curva, não se abate, não desiste de fazer desse momento um canal gigantesco, surreal, por onde possam extrapolar todas as mazelas sofridas e dar vazão ao sonho de ser rei, rainha, deus, destaque, bateria, samba, enredo... de até voar, voar... realizando o sonho de Ícaro.
Três dias que valem por uma vida! Momentos a serem relembrados e aclamados durante o ano inteiro!Felicidade que alivia a infelicidade das desigualdades e injustiças sociais. Momentos que anestesiam os ais e energizam para a luta de cada dia.

_Carmen Lúcia _

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Fantasia




Visto a fantasia
A mesma alegoria
Que me veste o dia a dia
encobrindo meu interior
E agora, tripudia,
Extrapola meu exterior
Caio na folia
Busco alegria
Em meio à nostalgia
De mil foliões
Falsa euforia...
Em plena orgia
Vejo amanhecer o dia
A alma vazia
É só fantasia...
Mas é carnaval...
Dissipa-se todo o mal.
(Carmen Lúcia)


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Assim é o amor...



Na escuridão da noite, te vejo lua;
nas manhãs indolentes és meu sol a brilhar,
entre as brumas do mar, imagino-te sonhos
com os quais sempre quis viajar  e sonhar...
 
Nas sementes plantadas já te vejo cores
dando vida e alegria às mais ricas flores;
se é difícil a jornada em caminhos de espinhos,
em teus braços me ancoro e me levas no colo.
 
Se a dor aparece teu carinho a espairece
e o sorriso engasgado em meu rosto resplandece;
se me falta coragem,  me refletes audácia
e o medo se desfaz, tornando-me capaz.
 
O amor é assim; início e meio... Sem fim!
Combustível que impele a caminhar
sem temer o que pra frente virá...
Se as pernas porventura fraquejam,
entremeio-me em tuas asas
e juntos passamos a voar.
 
 
 
 
(Carmen Lúcia)