quinta-feira, 30 de junho de 2011

Enquanto tu vivias...









Enquanto vivias, cumpriste teu papel,
além do que te cabia,
grandeza de um arranha-céu...
Ornamentaste vasos, lapelas,
jazigos , templos, capelas...
Lado a lado com a alegria
remataste o mais lindo buquê,
cúmplice da felicidade e harmonia,
parte do contexto: amor, realidade e fantasia.
Vestida da pureza do mais casto branco
invadiste, radiante, jardins e campos
trazendo o sol amarelo em teu peito,
luz das luzes, consenso perfeito.
Enfeitiçaste beija-flores
inebriando-os de amores...

Foste tema de cantigas...
Apareceste nos mais lindos versos
cantados por reis em seus castelos,
endeusada pelos mais fortes guerreiros...
Ao te despetalarem, em busca da sorte,
talvez não queiram causar-te a morte
ou cravar-te o espinho da dor...
Querem saber se têm ou não teu amor.
E tuas pétalas brancas, translúcidas, caídas,
jamais serão sinônimo de despedida,
pois da terra que as terá acolhida
renascerão as mais belas margaridas.


_ Carmen Lúcia _

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Retrato da vida

Num canto da sala balançava a cadeira.Por cima dos óculos ela só observava.Não dava palpites.
A rotina diária...Muita algazarra, correria. Todos apressados, em tropeços, passavam por ela.
Nem sequer percebiam que ela percebia.Olhava a todos e a tudo.Sem que ninguém a visse.
Os dedos já cansados esboçavam um bordado.Pareciam mecanizados, de tão acostumados a esses traçados.Chegavam à perfeição.
Seu rosto, sem expressão, semblante enrugado, eram marcas que ficaram, que o tempo lhe deixara.
Um tempo ausente que corria lá fora.Agora mais veloz, levando embora a vida, que ela via caminhar, além da janela, afastando-se cada vez mais.
Vieram-lhe as lembranças.Ricas lembranças.Criança correndo pelo campo, sem tempo, sem marcas, só esperança.Só risos.Sonhos.Fantasias.
Então cerra os olhos.Começa a imaginar.Ouve uma música suave.Esboça um doce sorriso e se pega a rodar, a girar, por entre flores, pés descalços na grama úmida...com o vento acariciando seu rostinho de criança feliz. De repente a criança põe-se a correr...para um lugar belíssimo, indescritível, inimaginável...
A cadeira já não balança.Permanece imóvel no canto da sala.
Caído ao chão, um bordado perfeito e já terminado.
Repousa de lado aquele rosto sem expressão, marcado agora pela morte.
A lida prossegue lá fora. E lá dentro, a rotina de sempre.É a vida!
Ninguém percebe a partida.

_Carmen Lúcia_

Ainda restam os sonhos...

Poema feito em parceria com uma grande amiga, Angela Oiticica (in memoriam).

"Ainda restam os sonhos"
O vento move fagulhas
em minhas mãos calejadas...
Agulhas é minha harpa,
sonhos de Via Láctea.
O vento corre em zigue-zague
movendo o fadário
do diário trabalho ralo...
De sonhos, o que há de vir?


O pleonástico ser que me torno,
e me transforma em supérfluo cidadão,
sonha sonhos que não apavoram
nem sombra, nem multidão.
A fome me bate à porta,
o frio não traz carvão...
As goteiras me servem
como imundo colchão.
Os sonhos criam galácticos reinos
dissimulando a putrefação,
realidade sem nome,
de pura exclusão...
Executam o homem
em troca da devassidão

E nessa redundância caótica,
parida da enfática “velha opinião...”
prioridade moldada pelo desamor,
desnorteando o viajor,
velejo meu veleiro
sem meta, nem direção,
num mar de águas paradas
que nunca vêm, tampouco se vão.
Sem ver cais ou ancoradouro,
sequer pistas ao mapa do tesouro,
ansiando que o vento se aprume,
sopre águas e feridas,
crie ondas, movimente a vida,
pra que meu destino enfadonho
ancore em futuro risonho,
vindouro e assaz almejado...
Porque ainda me resta um legado
de sonhos, não naufragados.


co-autoras:Angela Oiticica & Carmen Lúcia
04/08/2008

quinta-feira, 23 de junho de 2011

QUE...VIDEO POEMA

Passou...

Passou...

Passou feito canção,
sem deixar rastros ou marcas,
só o som de melodia
da mais doce sinfonia.

Passou feito um sussurro,
um murmúrio de riacho,
calmo,carregando a lua,
refletida em seus braços.

Passou feito uma brisa,
leve carícia em meu corpo,
suave, soprou meus cabelos,
secou o suor de meu rosto.

Passou feito o raiozinho,
último do sol poente,
que aquece de mansinho
deixando a alma contente.

Passou feito uma pluma
tocada pelo vento,
rodopiou com leveza,
tendo que ir, não querendo.

Passou deixando poeira,
trilha de estrela cadente,
 traçando no espaço um esteira,
 espetáculo comovente.

Passou deixando poesia,
paz, lirismo, fantasia,
sem pressentir que passava
falou-se em harmonia.

Passou deixando no ar
perfume de pura essência,
quem o sentiu reviveu
o seu tempo de inocência.

Passou percorrendo o mundo,
pedindo socorro e guarida,
muitos não viram que era
o Amor...Simbologia da Vida!

_Carmen Lúcia_

terça-feira, 21 de junho de 2011

Vendo o tempo se perder

Vendo o tempo se perder

Vendo o tempo se perder
(imagem copiada do Google)


Ter que ficar, querendo ir,
sabendo que o tempo passa veloz
ou que velozes, por ele, passamos nós,
nostálgica sensação de não ter sido,
não ter tido, não ter ido...
Em vida, morrido.
Querer voar tendo os pés plantados,
apenas idealizando um futuro
que já pertence ao passado...
Perdendo-me em irrealizações,
 tempo longínquo arcado de esperas,
 trazendo o presente carregado de quimeras.
 
 Hoje, estrada curta pra tão longa caminhada,
 aspirações tamanhas esboçadas
 em avenidas traçadas rumo ao sol,
por tudo o que deveria ter andado,
não fosse o peso das asas quebradas,
arrastadas por dias ausentes de arrebol
e o arrependimento de não ter ousado,
 não me ter ao mundo atirado,
não me ter perdido e me deslumbrado
sentindo as vibrações do inusitado,
vivendo a intensidade dos momentos
cabíveis aos sentimentos mais profundos.
 
 
            _Carmen Lúcia_
 
 
 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre o amor... - Carmen Lúcia

Entre as miragens

 

Entre as miragens
(imagem copiada do Google)
 
 
Transformei em doce saudade 
o seu amor, essa ausência sem fim
e tudo o que me lembra distância,
trazendo-o para perto de mim..
 
Nem mais solidão eu sinto
quando a saudade entra pela janela
que aberta fica quando pressinto
a dor trazendo seu sinal de alerta.
 
Então me acerco das lembranças
que retêm meu pranto e me fazem sorrir,
 crer que tudo ficou como era antes
sem o medo de um dia vê-lo partir.
 
Perco-me em fantasias, faço-o ressurgir
entre as miragens que me vêm encontrar
e me pego a dançar ao som da melodia
vinda das estrelas , tema de nosso sonhar.
 
 
_ Carmen Lúcia_

terça-feira, 14 de junho de 2011

Eu serei com você

 

Eu serei com você...

Em qualquer tempo, qualquer momento,
sopros do vento, piores tormentos,
brisa leve, calor que se atreve...
Eu serei com você...


E serei pra você...
O caminho que falta,
o torpor que ressalta,
o pranto que alivia,
o lirismo da poesia,
o sorriso do rosto,
a delícia de um gosto,
o braço que segura,
a mão que se aventura,
parte de sua jornada.


E juntos seremos...
O amor a se expandir
na imensidão, a luz a invadir...
Seremos lua, prata do luar,

 nosso sol a despontar
aos olhos das manhãs,
escoltando travessias,
sugerindo recomeços,
divulgando o direito do avesso
e a incrível arte de amar...



(Carmen Lúcia)

Incoerência

Incoerência

Incoerência
(imagem copiada do Google)


 No ápice da montanha onde a beleza aporta
em cores reinventadas, luzidias e mescladas,
nuances celestiais, misticismo que aborda
permeando cascatas de águas dançantes,
plantas exóticas e fontes ondulantes
bordando uma cortina, exposição do encanto
onde o desencanto e a inveja só observam da janela,
galopa a grande dor num cavalo alado
querendo se mostrar ao mundo
num voo incoerente ao inusitado...
Abrindo-se feito um leque úmido,
mofado, estraçalhado,
cuspindo dos dissabores, os mais profundos.

E a dor perpassa pela beleza...
Não se curva ao sagrado,
não cobiça tal riqueza,
não se importa com seu toque
nem responde ao seu chamado...
Cavalga a sua grandeza,
busca o ar que a sufoque.

    _Carmen Lúcia _

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Em sintonia com a inspiração

Em sintonia com a inspiração

Em sintonia com a inspiração

Corre , inspiração, recolhe as palavras...
Não deixes que se percam por entre vazios
e morram sem terem dado nexo à fantasia
sufocando versos que de ti espelham.


Dá-lhes vida imbuída de encantos,
abranda o barulho do vento, faze-o brisa
a soprar nos mais etéreos e profundos cantos
e que de lá flutuem colorindo o mundo.


Vai, inspiração, cumpre tua sina,
explora o poeta que arquiteta o que imaginas,
segue confiante, em cada esquina te espera
um artesão de sonhos que em ti confia.


      
       _Carmen Lúcia_

segunda-feira, 6 de junho de 2011

YouTube - Oswaldo Montenegro - Sem Mandamentos

YouTube - Oswaldo Montenegro - Sem Mandamentos

Tenho-te em meus versos

Tenho-te em meus versos

Tenho-te em meus versos

Te vejo nos versos que faço,
criados, ditados por minha emoção,
minhas pretensões não escondo,
nem guardo em segredo
essa doce ilusão.

És minha rima e compasso,
meu rumo, meu passo,
meu poema-canção...
que canta a paixão que aflora
no verso que chora,
amor- devoção.

Meus versos trazem teu retrato
em mim tatuado
logrando a solidão,
quando, nas horas incertas,
a saudade aperta
ao saber que não vens.

Então, intensifico meus versos,
desenho teu regresso
nas linhas de minha expressão,
e reforçando as amarras,
amarro tuas garras
na verve que corre ao meu coração.

Meus versos unem destinos,
cruzam caminhos
no horizonte da imaginação,
são frutos do amor que alucina,
que buscam a utopia
da ressurreição.

_Carmen Lúcia_

domingo, 5 de junho de 2011

YouTube - Oswaldo Montenegro - Travessuras

YouTube - Oswaldo Montenegro - Travessuras

No limiar da vida

No limiar da vida

No limiar da vida

Fiquei...
nas reticências que indeterminam a vida...
nas frases mal formuladas e indefinidas;
fechada, entre parênteses,
nos limiares das portas,
nas perguntas sem respostas.


Fiquei...
robotizada pelas conveniências,
confinada nos constrangimentos,
alienada a sapiências radicais,
enroscada em normas preestabelecidas,
estereotipada por padrões tradicionais.


Fiquei...
paralisada em becos sem saídas,
pés no chão, vontade de voar...
vendo os sonhos se distanciarem livres,
sem poder partir para os alcançar.


Fiquei...
numa esquina qualquer, esquecida,
nem um raio de luz a me brilhar,
onde o verso tropeça e muda de destino,
onde a poesia jamais irá passar.


_Carmen Lúcia_

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Alegria de outrora

Alegria de outrora

Alegria de outrora
(imagem copiada do Google)

O tempo passou e eu fiquei.
Permiti que levasse apenas a matéria
e tudo o que com ela se degenera.
Dos sonhos, os mais torpes, me desvencilhei,
fantasias narcóticas que me viciavam,
fazendo-me crer que iriam acontecer.

Preferi ficar no passado...
Em alma, sentimento, coração.
Lá onde guardei, num cofre sagrado,
todas as emoções profanas da noite e do dia,
todos os risos dos instantes de euforia,
toda a luz da manhã que amanhecia,
e a certeza de um amor que jamais oscila.

Então escolhi o melhor tempo,
aquele registrado nos momentos de elucidação,
onde vivi meus melhores dias, sem utopia,
e a realidade era um sonho de não se acordar,
onde eu corria solta e a felicidade vinha
de braços abertos me abraçar.

O tempo passou e minh’alma não quis ir embora,
enroscada na alegria de outrora.


_Carmen Lúcia_

Vivendo a Poesia