quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Desafio







Encara de frente o desafio…
Nem noite escura, nem solidão, nem frio.
Nada que a acovarde a prosseguir,
andar pelo caminho que escolheu,
devolver-lhe a liberdade que perdeu,
 seguir de cabeça erguida na vida
com a leve sensação de que venceu.

Despreza a fragilidade costumeira.
Desconhece-se. Jamais ousara assim…
Engole palavras rotineiras,
(agora clichês) ninguém as ouve
 ou não as quer ouvir.
Ecos vagos levando de si
a força de expressão enfraquecida,
amordaçada pela submissão,
 desmotivada pelo não ser.

Hoje marca o  recomeço…
Na mente traz o endereço
do que quer, do que espera, do que planeja.
Na bagagem, o aprendizado
que a duras penas ganhou do passado,
o que basta para um sonho realizado
após tantos poréns, talvezes e nãos.
 Afronta, sem medo, os reveses,
coloca seus pés onde os leva a emoção,
onde palavras ecoam o que realmente é,
significados a delinear uma nova mulher.


Carmen Lúcia



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Quem sou?



Já não sei quem sou,
onde estou,
pra que lado vou…
Me perdi na valsa da vida
sem  chance de me achar,
sem contrapartida pra me engabelar,
nada que me incentivasse a luta,
ousar a disputa, perder ou ganhar.
Descompassei ao querer girar,
cambaleei por todos os cantos
sem ter onde me aprumar.
Ceguei-me à ilusão de encantos,
quis parar…
Valsei a contradança sem par,
sem aliança imbuída de cumplicidade
na realização de sonhos,
e poder, um dia, com eles voar…
 Sonhos que me vestiram para me reencontrar.
Fugiram-me motivos, sorrisos, entusiasmo.
Secaram-me lágrimas, sinais de emoção.
Não mais encontro condução
a me possibilitar continuar.

Abraço a poesia.
Ela me reverencia,
 me acompanha noite e dia.
Com ela choro e rio.
Em segredo, desabafo.
Agravo e desagravo.
Nela eu confio.


_Carmen Lúcia_




terça-feira, 20 de outubro de 2015

Rituais para um sonho





Enquanto meu sonho dorme
busco a canção que o seu sono acolhe,
ensaio a dança mais bonita,
coreografias de brilhos, tules e fitas,
passos leves, pontas e giros,
voos rasantes, etéreos, delirantes,
cores pintadas de magia,
luzes que nunca se apagam
de uma aurora que veio para ficar.
Silencio e deixo a música soar…
Danço no silêncio que embala,
num ritual, de gestos, que fala
versos que vêm para agregar,
murmurar a poesia sem bradar,
sussurrando para não acordar
o sonho que ainda imaturo
não deve se concretizar.
Quando chegar o momento
quero meu sonho isento
de tudo que me faz chorar…
realizado plenamente,
gerado na essência de meu ventre,
nascido para me realizar
e de mãos dadas comigo
versejar, cantar, dançar…


_Carmen Lúcia_