domingo, 22 de dezembro de 2013

Meio dia



Algumas horas já se transcorreram...
Rápidas, quanto os segundos que as precederam...
Horas vazias, tempo ocioso, momentos vadios.
O que fiz está sacramentado.
O que chorei deixou o chão molhado.
O que errei ficou errado.
O que pequei se fez pecado.
Transformei-me em meus erros.
Desviei-me por caminhos incertos
encobertos pela lama que me mascarou.

Mas ainda resta a tarde...
Ela está por vir...a me sacudir.
Um erro na vida contundida
não há de ser uma vida de erros
e desacertos.Há consertos.
Ainda tenho o resto do dia
pra tentar acertar o que não fui capaz
nessa manhã que não deu certo.
Coloco a minha frente a esperança
que havia ficado pra trás
e abandono o passado, soterrado.

Meio-dia! Ainda resta a tarde.
Quero o amor ressuscitado
dessa manhã de destruição.
Quero devolver-me a mim mesma,
ser minha tábua de salvação.
Quero vida nova, absorver seu significado,
fazer de meus erros um aprendizado,
e quando surgir a noite
ver meus sonhos concretizados.



(Carmen Lúcia)


sábado, 21 de dezembro de 2013

Nesse Natal, sonharei...







Nesse natal sonharei o sonho
dos que vivem sonhando
com o que não têm.
Uma palavra de conforto,
de carinho, de querer bem
imbuída na balada do trovador.
Uma palavra...
Amor.

Nesse natal sonharei o sonho
de quem sonha por você, por mim
e faz do sonho seu objetivo  maior
 -que as desigualdades tenham fim-
ascendendo-se na esperança.
A esperança...

Nesse natal sonharei o sonho
dos que vivem em abandono
e clamam para que o mundo olhe para si.
Uma fatia de pão que engane a fome
ou um prato da dignidade roubada, perdida,
devolvendo o ensejo de voltar à vida.
Uma fagulha apenas do que a sociedade consome.
Que console...

Nesse natal sonharei o sonho dos heróis,
dos grandes feitos realizados para nós,
dos que se empenham no desempenho
de doar humanidade para a humanidade
e dão a própria vida para resgatar a vida
lançando-se na perseverança para  conseguir.
 Pedem apenas compaixão,
um gesto nobre de perdão, de união
que alivie a cruz.
E lembre Jesus.
A luz...

Sonharei, sonharei, sonharei...

_Carmen Lúcia_



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Na madrugada


Na madrugada

Na madrugada



Abraço a madrugada
que me abraça também,
me carrega no colo,
me faz sentir tão bem.
Traz a paz que preciso,
a calma que convém,
com ela improviso,
sem ela sou ninguém.

Nunca me diz nada,
sem ser alienada
consente, calada.
Homologa o que faço
num diálogo mudo,
compactua com tudo,
me faz sentir bem.

Então me desnudo,
deixo a alma vagar.
Reclamo, conclamo,
declamo ao luar
dançando o rito
do lobo a uivar.
Sorrio, sou rio,
sou onda do mar,
navegante errante
que sonha em chegar...

Sou pranto vertido
que teima em rolar,
release informativo
que vem anunciar
reprise de fatos,
 destaques criminais,
os mais concorridos,
manchetes matinais.

Sou madrugada
no entremeio situada,
(entre a noite e o dia),
o orvalho e a alvorada,
oração intercalada
no silêncio que prenuncia.

_Carmen Lúcia_

sábado, 14 de dezembro de 2013

Onde anda você?

Onde anda você?

Onde anda você?



Estava bem ali...
Poderia tocá-la.
E meus passos recuaram,
 outros atalhos pisaram,
desses que se interpõem
mudando todo o destino,
conduzindo a outro caminho
adverso à felicidade.

De novo a encontrei...
A poucos passos de mim.
Cantei vitória antes do tempo,
desdenhei esse momento,
fingi que não a vi.
Pensei  tê-la nas mãos
e mais uma vez  a perdi.
Essa certeza ilusória
esvaiu-se pelos vãos,
esfacelou-se aos chãos
truncando minha história.

Há aquele que diz:
-Felicidade se faz de momentos-
Perdê-la,  só um triz.
É um estalo de dedos,
instante de contentamento,
é entregar-se sem medos,
abraçar a oportunidade
e vivê-la intensamente,
pois assim como vem
se vai deliberadamente
deixando lembranças guardadas
denominadas saudades.

Esteve sempre aqui,
bem perto, lado a lado,
soprando-me um afago,
carícia em desagravo...
Displicente, não a colhi.
Bastava eu querer,
mas não a percebi.

_Carmen Lúcia_

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Hoje sou noite

Hoje sou noite

Hoje sou noite


Hoje sou dia sem luz.
A noite me roubou o amanhecer,
cravou-me sua escuridão,
adiou seu anoitecer .
Quis para si todo clarão,
 sequestrou a lua
e na avidez de tê-la
apagou as estrelas,
atirou-me ao chão, nua.

Na penumbra, tateio o espaço.
Vagueio, me venço pelo cansaço.
Não sei o que faço.
Procuro e não acho.
Não vejo o sol.
As manhãs.
O arrebol.
O verde das hortelãs
O volver dos girassóis.
As cores, os matizes,
a complementação dos arco-íris.

Perco-me na escuridão.
Da alma, o questionamento:
Qual a cor da solidão?
 Da dor, do confinamento?
Da aflição, do desamor?
Da separação, do sofrimento?
Da vida por um fio
lançada ao desafio
da fome que impele
que o espírito se rebele?


_Carmen Lúcia_